Rússia é força de paz, mas não uma superpotência, afirma Putin

Vladimir Putin fez uma crítica velada aos Estados Unidos


Correio do Brasil
Por Redação, com agências internacionais - de Moscou e Kiev

Presidente russo, Vladimir Putin fez uma crítica velada aos Estados Unidos, nesta quinta-feira, ao descrever a Rússia como uma força para a paz e de moralidade, que não tem o desejo de se tornar uma superpotência mundial.

– Não aspiramos a sermos chamados de alguma forma de superpotência, entendo isso como uma reivindicação de hegemonia global ou regional. Nós não infringimos os interesses de ninguém, nós não forçamos o nossa patronagem a ninguém, ou tentamos ensinar alguém como viver – disse Putin em discurso anual a parlamentares e autoridades russas, usando declarações que repetem críticas feitas anteriormente aos Estados Unidos.

A Rússia, disse Putin, vai se esforçar para ser uma liderança que defende o direito internacional e respeita a soberania nacional e a independência das nações.

– Isso é absolutamente compreensível para um Estado como a Rússia, com sua grande história e cultura – afirmou.

Putin disse que a Rússia ajudou a fazer prevalecer “o direito internacional, o bom senso e a lógica da paz” ao ter papel importante no acordo que levou a Síria a se desfazer de suas armas químicas para evitar possíveis ataques militares dos EUA.

Sem citar os Estados Unidos, Putin advertiu que o desenvolvimento de escudos antimísseis e de armas poderosas de longo alcance pode “reduzir a nada” os atuais pactos de controle de armas nucleares existentes e perturbar o equilíbrio estratégico pós-Guerra Fria.

– Ninguém deve ter qualquer ilusão sobre a possibilidade de ganhar superioridade militar sobre a Rússia. Nós nunca vamos permitir que isso aconteça. A Rússia irá responder a todos estes desafios, políticos e militares – garantiu.


Questão ucraniana


Nas últimas semanas, após convencer a Ucrânia a fechar um acordo com os russos, o presidente Putin passou a ser alvo de críticas dos oposicionistas no país vizinho. Nesta quinta-feira, porém, o governo da Ucrânia assegurou aos EUA que tem uma política contrária ao uso das Forças Armadas contra manifestantes, informou o Pentágono, após o governo norte-americano ter expressado preocupação com a ação de policiais de choque em protestos contra o governo.

O secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, em telefonema ao colega ucraniano, Pavlo Lebedyev, pediu moderação e alertou sobre os “possíveis danos de um envolvimento dos militares para parar os manifestantes”, disse o porta-voz do Pentágono Carl Woog. O ministro ucraniano disse que transmitiria a mensagem diretamente ao presidente Viktor Yanukovich, que enfrenta manifestações pedindo sua renúncia após ter abandonado um acordo comercial com a União Europeia e aproximado a Ucrânia ainda mais da Rússia.

– O ministro Lebedyev garantiu que a posição do presidente Yanukovich é de não usar as Forças Armadas contra manifestantes – disse Woog.

Manifestantes ucranianos permaneceram em suas posições na quarta-feira, depois de uma ação noturna das tropas de choque para tentar dispersá-los da Praça Independência. A polícia foi forçada a recuar diante da resistência.


O que se passa


“O tempo de duração dos protestos de rua em Kiev vai depender somente do governo”, profetizou o deputado do partido de oposição Aliança Democrática Ucraniana para a Reforma (Udar), Rostyslav Pavlenko, em entrevista à agência alemã de notícias Deutsche Welle no início de dezembro.

De fato, até agora as forças de segurança ucranianas fracassaram em todas as tentativas de reprimir os protestos. Apesar do frio congelante, os manifestantes permanecem há vários dias na Praça da Independência, no centro da capital. Eles cantam, oram, erguem barricadas de madeira. Nem as investidas noturnas da polícia nem as ameaças desta puderam expulsá-los até agora.

Se o presidente Viktor Yanukovytch pensava que iria intimidar os manifestantes com unidades especiais, parece ter calculado mal. “Aqui está sendo decidido o futuro do país”, bradou Arseniy Yatsenyuk, do partido da ex-premiê Julia Tymoshenko, à multidão reunida na Praça da Independência nesta quarta-feira.

O que teve início no final de novembro, com protestos contra o acordo de associação fracassado entre a Ucrânia e a União Europeia (UE), tem crescido rumo a um movimento de massa contra o governo do primeiro-ministro Mykola Azarov. O governo cedeu à pressão da Rússia, perdendo assim a chance de levar o país em direção ao Ocidente. A decepção de muitos ucranianos em relação a isso é grande – e se transforma cada vez mais em ira contra toda a liderança governamental.

Mas o fracasso do acordo com a UE foi apenas a faísca inicial dos protestos, diz Cornelius Ochmann, diretor da Fundação para a Cooperação Polaco-Alemã.

– Em minha opinião, na Ucrânia, a sociedade civil é muito mais avançada do que pensamos. As pessoas estão fartas do estilo de governar do presidente e estão aproveitando a oportunidade para expressar a sua insatisfação – disse.

Os protestos no centro de Kiev são conduzidos e organizados por um Comitê Nacional de Resistência, comandado pelos líderes dos três partidos de oposição: Vitali Klitschko, com seu partido Udar, Oleh Tyahnybok, com o Partido da Liberdade, como também Arseniy Yatsenyuk, com o Partido Pátria, da ex-primeira-ministra Tymoshenko. Além disso, representantes de diversas organizações da sociedade pertencem ao comitê.


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