'Recorreremos a militares só em caso extremo', diz Pútin

Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (4), presidente russo Vladímir Pútin delineou as posições da Rússia sobre a situação na Ucrânia e exortou os políticos de Kiev a tomarem medidas para conter as forças radicais e restaurar a unidade nacional.


Ígor Rózin | Gazeta Russa

A avaliação pode ser uma: a tomada do poder por meio de armas. Ninguém nega isso. A questão para mim é: para que isso foi feito?

Qual foi a necessidade de arrastar o país para o caos em que se encontra? Não há resposta. Se queriam mostrar sua força, na minha opinião, o que fizeram foi uma ação estúpida.

Disse mil vezes a eles [novas autoridades ucranianas – nota da redação]: ‘Para que estão dividindo o país?’. Em linhas gerais, é necessário adotar uma nova Constituição e fazer um referendo para que todos os cidadãos ucranianos sintam que têm influência na criação dos princípios básicos. Mas isso não diz respeito a nós.

Influência estrangeira em Kiev

A tomada do poder na Ucrânia foi bem preparada. Os instrutores ocidentais se esforçaram. Mas se o poder fosse forte, não haveria nacionalistas que conseguissem fazer aqueles tumultos, cujo resultado estamos vendo agora. Às vezes tenho a sensação de que eles estão em algum lugar sentados na América, observando os indivíduos como se fosse em uma experiência, sem perceberem as consequências do que estão fazendo.

Envio de tropas à Ucrânia

Recorreremos a militares só em caso extremo. Mas recebemos um apelo direto do presidente legítimo da Ucrânia, Viktor Ianukovitch, pedindo ajuda militar para proteger os cidadãos do país. Observamos a falta de freio dos neonazistas, nacionalistas e antissemitas em algumas partes da Ucrânia, incluindo Kiev.

Não vamos entrar em guerra com o povo ucraniano. Se tomarmos a decisão de enviar tropas, será apenas para proteger os civis. Nós não pretendemos escravizar alguém nem ditar nada, mas, é claro, não podemos ficar de lado se vemos a população de língua russa sendo perseguida, destruída e intimidada.

Situação na Crimeia

Não houve nem um único confronto, nem um único tiro. A única coisa que nós fizemos foi fortalecer a segurança das nossas instalações. Não pretendemos interferir, mas acreditamos que todos os cidadãos da Ucrânia devem ter os mesmos direitos de participar da vida do país e de determinar o futuro da Ucrânia.

Foram as forças locais de defesa [sobre os militares na Crimeia – nota da redação]. Nós não tivemos participação na preparação deles.

A questão da anexação da Crimeia ao território russo não está sendo considerada. Os habitantes da Crimeia têm o direito, em termos de liberdade de expressão, de determinar seu próprio destino. Ninguém anulou o direito das nações à autodeterminação. Em caso algum vamos provocar quem quer que seja nem vamos elevar os ânimos.

Sobre Ianukovitch

Ele não tem futuro político. Nós participamos do seu destino por considerações puramente humanitárias. Penso que lá ele seria simplesmente morto.

Ajuda financeira

Em princípio, estaríamos dispostos a considerar novas medidas, mas os nossos parceiros ocidentais nos pedem para não fazer isso. Eles nos pedem para trabalhar em conjunto no âmbito do FMI a fim de encorajar o governo da Ucrânia a implementar reformas para a recuperação econômica. O governo está agora estudando as várias opções.

Três dias atrás, dei instruções ao governo para retomar os contatos em nível governamental com os ministérios e departamentos da Ucrânia, para não romper os laços econômicos e apoiá-los em sua busca de recuperação da economia.

Reação mundial

Somos acusados de ilegitimidade, mas é preciso recordar as ações dos EUA no Iraque ou na na Líbia, onde se agiu sem quaisquer sanções. Os nossos atos correspondem totalmente ao direito internacional, já que tivemos o pedido de um presidente legítimo, e coincidem com os nossos interesses, por isso ajudamos as pessoas estreitamente relacionadas a nós em termos culturais e históricos.

Possíveis sanções à Rússia

As consequências dessas sanções devem ser pensadas por aqueles que pretendem fazê-las. As sanções representarão um dano mútuo. Os nossos parceiros apoiaram a tomada do poder por armas e declararam essas pessoas legítimas. Consideramos qualquer ameaça dirigida a nós contraproducente e prejudicial.

Boicote às Paralimpíadas de Sôtchi

Se alguém tentar perturbar os Jogos Paralímpicos, isso apenas significa que essas pessoas não têm nada de sagrado. Não há nada de perigoso ameaçando a realização dos Jogos.



1 Comentários

  1. Além de Iraque e Líbia, lembro de outras invasões não autorizadas dos EUA a países soberanos, como o Panamá, a ilha de Granada, Coréia, Vietnã e Afeganistão.

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