Exercícios Indra 2014 aproximam interesses geopolíticos da Rússia e Índia

A Rússia e a Índia realizaram as maiores manobras navais conjuntas da história das suas relações bilaterais, denominadas Indra 2014. Sua fase ativa decorreu entre 17 e 18 de julho no golfo de Pedro, o Grande, no mar do Japão.


Vladimir Fedorov | Voz da Rússia

Os responsáveis navais de ambos os países consideram que estes exercícios ajudaram a treinar a interação em missões de combate à pirataria e ao terrorismo. O Indra 2014 cumpriu sua missão tendo sido uma das plataformas de aproximação dos interesses geopolíticos da Rússia e da Índia, dizem os analistas políticos.


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Na sexta-feira a frota conjunta realizou exercícios com mísseis e artilharia contra alvos navais e aéreos. Foram treinados métodos de defesa conjunta contra ameaças navais, aéreas e submarinas com o apoio de helicópteros. Os exercícios Indra se realizam desde 2003, mas esta foi a primeira vez que as frotas dos dois países realizaram todo o conjunto de missões de combate que garantem a segurança das fronteiras marítimas dos dois países.

As marinhas da Rússia e da China realizaram em finais de maio, no mar da China Oriental, manobras navais conjuntas semelhantes ao Indra com o nome de código Interação Marítima 2014. O perito militar Igor Korotchenko considera que o seu significado vai muito para além do âmbito estrito das missões militares:

“Atualmente já está perfeitamente definido o vetor de interesses da Rússia. Ele aponta para o estreitamento de relações com os países da Ásia, sobretudo com os intervenientes de importância mundial – a Índia e a China. Por isso, a realização desses exercícios militares é um indicador do estabelecimento das novas relações de parceria e confiança e da formação de um novo centro de poder na geopolítica mundial. Os exercícios conjuntos com a Índia e a China abrangem sempre um vasto leque de questões: do combate ao terrorismo ao treinamento de missões em cenários de guerra. No geral tanto o Indra, como o Interação Marítima, refletem a prioridade atribuída pela Rússia à Ásia.”

O diretor do Centro de Conjuntura Estratégica Ivan Konovalov chamou a atenção para uma das particularidades destes exercícios navais russo-indianos:

“Hoje se sente uma fortíssima pressão sobre a Rússia. A crise ucraniana é aproveitada pelo Ocidente para que a OTAN se alargue para leste. Nessas condições, para a Rússia é crítico ter parceiros tão fortes como a China e a Índia.

É muito importante que a era de um mundo unipolar tenha um fim. Em princípio ela já acabou. Existem vários importantes centros de força mundiais que influenciam seriamente a política global. Eles são a Índia e a China. Por isso, uma cooperação com elas, incluindo na área militar, é muito importante para a Rússia. Ela também é importante do ponto de vista geopolítico porque forma o vetor asiático de um mundo multipolar.”

O centro de poder mundial na Ásia está se reforçando e, graças ao aumento do peso político de ferramentas como o BRICS e a Organização para Cooperação de Xangai (OCX). A última cúpula realizada em Fortaleza, nomeadamente, refletiu a intenção da Rússia, da Índia, da China, do Brasil e da África do Sul de defender, de forma independente dos EUA e do Ocidente, sua própria estratégia no mercado financeiro global.

A OCX, reagindo à crescente atração exercida pela sua plataforma sobre muitos dos países da Ásia, está elaborando regras para a admissão de novos membros. Elas deverão ser eventualmente aprovadas na cúpula a realizar em Dushanbe em setembro. Ao comentar esse acontecimento, o porta-voz oficial do MRE do Paquistão Tasnim Aslam confirmou no dia 17 de julho o interesse do seu país em se tornar membro de pleno direito da OCX. Hoje o Paquistão, assim como a Índia, o Afeganistão, o Irã e a Mongólia, tem o estatuto de observador junto da OCX.



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