Perito iraniano: um dia o Estado Islâmico será uma ameaça para os EUA

Sete séculos depois, no Oriente Médio decorre novamente uma jihad contra os “infiéis” levada a cabo pelos combatentes do Estado Islâmico (EI). Eles se consideram como seguidores de Ibn Taymiyyah e defendem uma interpretação exclusivamente política e belicista da jihad.


Ivan Zakharov | Voz da Rússia

Eles odeiam os xiitas e os seguidores de outras correntes religiosas equiparadas, já não falando dos cristãos e judeus. Assim, o Estado Islâmico tenciona destruir os santuários católicos do Vaticano e xiitas no Irã.


EUA, EI, ameaça

Até que ponto é realista uma intervenção do EI na Europa e no Irã, é o que explica em entrevista ao nosso correspondente o cientista político de Teerã e antigo editor da agência noticiosa Mehr (MNA) Hassan Hanizadeh:

Voz da Rússia: O principal órgão de imprensa do Estado Islâmico escreve sobre as intenções dos seus militantes em conquistar o centro do catolicismo mundial – o Vaticano. Um pouco antes surgiram informações que o EI tencionava invadir o Irã. Na sua opinião, deveremos acreditar nessas ameaças e entendê-las de forma literal?

Hassan Hanizadeh: Antes de mais, quero sublinhar que o EI não é nada mais que uma verdadeira associação de terroristas de todo o mundo, provenientes de cerca de 80 países, formada e dirigida pelos EUA, Reino Unido, Arábia Saudita, Catar e Turquia. Nos quatro anos que decorreram desde a fundação deste movimento terrorista, as vítimas civis entre a população yazidi, cristã e xiita são incontáveis no Iraque e na Síria. Milhares de civis da região foram escravizados.

O EI é uma criação dos EUA e seus aliados. Sob pretexto da luta contra os militantes, Washington tencionava intervir no território dos países do Oriente Médio e se imiscuir na sua política interna e externa. Nós vemos como esses planos do Ocidente são executados com sucesso na Síria e no Iraque, onde eles destroem de forma planejada, ou já destruíram, as economias nacionais e danificaram as estruturas do Estado. Já neste momento se pode prever os futuros passos dos EUA nesses países: eles tentarão penetrar aí sob o pretexto de reconstrução da economia, mas na realidade irão alargar a sua influência nesta região.

É precisamente por essa razão que o EI tenta assustar o Irã e ameaça sua segurança, nós temos ouvido tais apelos com regularidade nos últimos tempos. Contudo, as forças armadas iranianas possuem experiência de combate contra os terroristas do Estado Islâmico: ainda não há muito tempo que unidades do exército do Irã realizaram com sucesso, na fronteira entre o Irã e o Iraque, uma operação para impedir o acesso dos combatentes do EI a regiões do noroeste do país. Em resultado, o inimigo teve não apenas de retirar mas até de se pôr em fuga. Depois disso não houve mais tentativas do EI em fazer incursões fronteiriças no Irã.

Voz da Rússia: A vossa posição quanto a uma invasão do Irã pelo EI é compreensível. Mas até que ponto serão reais as ameaças que partem do Estado Islâmico contra os países europeus?

Hassan Hanizadeh: No início dos anos 80, os norte-americanos criaram a Al-Qaeda para combater a União Soviética, hoje eles criaram o EI para combater seus adversários ideológicos no Oriente Médio. Tal como no seu tempo a Al-Qaeda, hoje o EI pode sair do controle estadunidense e criar muitos problemas ao Ocidente, realizando atentados tanto nos países europeus, como nos Estados Unidos. Não é um fato que o EI vá continuar a servir os interesses ocidentais.

Voz da Rússia: Até aonde poderá o Estado Islâmico estender suas fronteiras num futuro previsível?

Hassan Hanizadeh: É bastante provável que os militantes do EI queiram alargar seus domínios de acordo com os planos anteriormente divulgados: ou seja, apontar para o Norte de África, se aproximando diretamente da Europa. Outra direção para sua expansão de fronteiras é a Ásia Central. Assim eles poderão se aproximar da Índia e do Paquistão e manter o Sudeste Asiático sob tensão. Mas isso são suposições. Com toda a certeza só posso afirmar o seguinte: um dia o Estado Islâmico será uma ameaça para os Estados Unidos e para todo o Ocidente.



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