Cúpula argentino-russa de Moscou terminou com resultados modestos

Roberto Lopes
Editor de Opinião da Revista Forças de Defesa

O encontro do presidente da uma potência que vem sendo alvo de sanções internacionais e tem sua economia enfraquecida pelo baixo preço do barril de petróleo, com a chefe de um Governo sem dinheiro e sem crédito no mundo dos negócios não poderia mesmo dar em outra coisa.

Os dois dias da visita oficial da presidenta argentina Cristina Fernández de Kirchner a Moscou, encerrada nesta quinta-feira, produziram cerca de 20 documentos oficiais nos campos da parceria tecnológica e econômica, mas apenas alguns resultados bastante ralos no setor da cooperação militar – apesar de o ministro da Defesa russo, Serguéi Shoigú, ter encontrado tempo, em sua agenda, para receber seu correspondente argentino, Agustín Rossi.

De novidade mesmo, apenas o convite formal para que uma delegação do Exército argentino assista o próximo “Foro Internacional Técnico-Militar Exército 2015”, que a força terrestre russa promoverá entre os dias 16 e 19 de junho em Kúbinka, cidadezinha de pouco mais de 20.000 habitantes, 63 km a oeste de Moscou.

Kúbinka é um enclave militar de grande importância para os generais russos. É lá que estão delimitados os extensos campos de provas para os blindados produzidos pela indústria bélica local.

O Foro “Técnico-Militar” contará, entre outras, com delegações dos Exércitos da República Popular da China, Coreia do Norte, Vietnã, Índia, Bielorússia, Azerbaijão, Cuba e Venezuela, que assistirão a diversas demonstrações de unidades blindadas e aerotransportadas do Exército da Rússia. O Brasil deve ser representado no evento por seu Adido de Defesa em Moscou.

Em razão de 2015 ser o ano do 70º aniversário do fim da 2ª Guerra Mundial, durante o Foro os visitantes estrangeiros serão convidados a conhecer o Museu do Tanque de Kúbinka.

Decepção

A grande decepção da visita de Cristina Kirchner ficou por conta da falta de novidades acerca da pretendida aquisição, por parte dos argentinos, de três helicópteros de porte médio Mi-17.



A Força Aérea Argentina (FAA) já opera duas dessas aeronaves, mas deseja ter cinco. Os três helicópteros custam cerca de 50 milhões de dólares, e o fato é que o governo de Buenos Aires não consegue apresentar garantias bancárias de primeira linha, para se habilitar ao negócio.

De seu lado, os russos identificaram a necessidade que a FAA tem de adquirir helicópteros pesados, para transporte de carga e pessoal, e acenam com a possibilidade de, no futuro, vender aos argentinos ao menos dois ou três exemplares do seu modelo Mi-26 (valor unitário da versão militarizada: 18 milhões de dólares).

Rebocadores 

Como forma de mostrar algum resultado de sua viagem no plano militar, os argentinos decidiram divulgar com certo alarde a aquisição para a sua Marinha de quatro super-rebocadores civis de fabricação polonesa – cada um deles com deslocamento superior a 2.700 toneladas – que pertenciam a uma empresa russa de serviços offshore.

Rebocador

A notícia, na realidade, não é nova. Ela tem quase dois anos e já deu muito o que falar.

Como os rebocadores foram construídos para mover plataformas marítimas de petróleo, o governo de Londres teme que os argentinos os usem para interceptar as plataformas petrolíferas que os ingleses estão levando para as Ilhas Malvinas.

A novidade, em toda essa história, é que os quatro navios, da classe Neftegaz, que antes tinham o casco pintado de vermelho e a superestrutura na cor branca, agora já estão pintados com a cor cinza das embarcações da Flota de Mar (Esquadra) argentina, e prontos para seguir viagem para a América do Sul – o que deve acontecer em maio.

A Armada platina informa que os barcos serão usados em missões de patrulhamento naval e salvaguarda da vida humana defronte ao litoral patagônico, e também no apoio às bases argentinas no Pólo Sul.

Em Buenos Aires circula a informação de que os rebocadores receberão peças de artilharia, que poderão ser canhões de pequeno calibre ou metralhadoras pesadas.

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