Peru e Ucrania concluem o ambicioso projeto de conversão do T-55 em T-55M8A2 Tifón-2A

Forças Terrestres

A empresa ucraniana Kharkiv Morozov Machine Building Design Bureau – mais conhecida como KMDB – e a Diseños Casanave Corporation, do Peru, deram por concluído, no início deste ano, o programa que durou aproximadamente cinco anos e visa oferecer uma solução prática e definitiva para o reaproveitamento dos carros de combate (tanques principales de combate, na nomenclatura militar peruana) T-55, fabricados na União Soviética e adquiridos pelo governo de Lima.


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A força terrestre peruana dispunha de aproximadamente 280 desses blindados em operação, mas, segundo informação do site espanhol Defensa.com, só uns 200 serão contemplados com uma possível modernização.

De acordo com Sergio Casanave Quelopana, gerente geral de Desenhos da empresa peruana que se associou aos ucranianos, a ideia geral foi montar uma viatura de, no máximo, 47 toneladas (o T-55 chegou ao Peru com o peso de seu projeto original: 39 toneladas), com blindagem especial, alta potência de fogo e um grupo propulsor capaz de conferir ao veículo elevado nível de operação. O resultado foi o modelo básico T-55M8A2 Tifón, que ainda pode ser upgradeado para o Tifón-2A.

Concorrência

Dentro do Exército peruano, o assunto continua pendente.

Apesar dos bons resultados da cooperação entre a KMDB e a Casanave Corporation, os generais do Peru lidam com outras duas opções: comprar uma partida de tanques russos T-90S, ou entregar seus tanques T-55 não aos ucranianos, e sim ao Serviço Federal para a Cooperação Técnica e Militar do governo de Vladimir Putin.

Em um interessante e bem detalhado artigo intitulado El T-55M8A2-Tifón, uma opción de modernización para el tanque principal del Ejército de Peru (“O T-55M8A2-Tifón, uma opção de modernização para o tanque principal do Exército do Peru”), Casanave Quelopana revela as principais características do Tifón-2A.

Eis aqui um resumo de suas informações:

Sistema de tiro principal – computador balístico de última geração, sistema de controle de fogo estabilizado nos dois eixos integrado a um sistema de guiagem computadorizado, que controla os ângulos de queda e de guinada, permitindo realizar o tiro em movimento durante deslocamentos em velocidades superiores a 50 km/h, com eficiência (índice de acerto no alvo) no patamar de 85% e a distâncias de até 2.500 m, empregando munição APFSDS.

O canhão KBM-1M de 125 mm selecionado para o blindado, com vida útil de mil disparos, foi dotado de mira térmica Buran Catherine-E, que permite a visualização do alvo em distâncias de até 12 km – ou seja, o dobro do alcance de qualquer sistema do gênero em uso na América Latina.

Municiado com projetis APFSDS, o canhão pode alcançar alvos a 3.500 m de distância, mas abastecido com projetis tipo HEAT esse alcance sobe para 4.000 m, e com projetis tipo HE-FRAG, aumenta ainda mais: para até 12.000 m.

O KBM-1M é carregado automaticamente e pode ser acionado, indistintamente, desde o posto do artilheiro ou desde o assento do comandante do carro, à cadência máxima de oito tiros por minuto.

O canhão também pode disparar o novo míssil antitanque Kombat-2, com cabeça de combate HEAT-TANDEM, que possui alcance de 5.000 m e capacidade de penetrar blindagens uperiores a 1.000 mm.

Motorização

O grupo propulsor do Tifón-2A conta com um motor KMDB 5TDFMA, de dois tempos, turbo-alimentado, de cinco cilindros horizontais tipo boxer, e potência elevada para 1.050 HP.

Detalhe interessante: o 5TDFMA é flex; opera com querosene, gasolina (de alta octanagem), diesel, combustível de aviação ou uma mistura de todos esses elementos combustíveis – segundo o articulista, “sem alterar suas performances operacionais”.

De acordo com Casanave Quelopana, o funcionamento da propulsão do Tifón-2A foi cercado de uma série de sistemas complementares que otimizam seu aproveitamento: sistema de administração do campo de batalha com GPS, alimentação de dados via datalink, sistema de identificação Amigo-Inimigo (IFF) e APU (fonte auxiliar de energia) capaz de manter o tanque operando mesmo no caso de o motor entrar em colapso.

Mas essa possibilidade é vista por ucranianos e peruanos como um tanto remota.

Segundo eles, o motor 5TDFMA deve se manter em funcionamento mesmo que Tifón-2A precise vadear um curso d’água com profundidade de até 1,8m.

Blindagem

O Tifón-2A dispõe de dois tipos de blindagem: um passivo na parte frontal da torre, denominado Defleckt M-1, constituído por placas de material composto reforçado por camada cerâmica; e uma blindagem reativa batizada de Nozh, feita de caixas distribuídas pelo chassis e pelo resto da torre que contém explosivos dotados de espoletas de impacto, que podem resistir ao impacto de projetis de até 30mm sem serem ativadas.

O sistema Nozh aumenta em quase três vezes a resistência do tanque a munições do tipo APFSDS, e em 4,8 vezes a resistência do veículo contra projetis tipo HEAT e HEAT-TANDEM.

Um equipamento de alerta Linkey-SPZ, formado por quatro sensores fixados ao redor da torre, detecta a iluminação do Tifón por emissões laser, e, como medida de reação, dispara dez lançadores de 81 mm de granadas de fumaça.

Armamento secundário

Constituído por duas metralhadoras: uma KT-12.7 de 450 cartuchos e alcance de 2.000 m, fixada junto à escotilha do chefe da viatura, que é operada de dentro do tanque; e uma KT-7.62, coaxial, de 3.000 cartuchos com alcance de 1.500 m.

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