Por que no serviço da Força Aérea do Irã ainda há aviões dos EUA?

Irã, que até hoje possui aviões norte-americanos, atravessa várias dificuldades ligadas à sua manutenção devido às medidas restritivas tomadas pelos EUA.


Sputnik

Hoje em dia, a Força Aérea do Irã está armada, na sua maioria, com aviões obsoletos. Eles foram importados dos EUA há quase meio século. Na altura, a Força Aérea iraniana estava sob controle total dos EUA, os iranianos nem sequer podiam reparar seus aviões. Mas depois da Revolução Islâmica de 1979 tudo mudou. O Irã rompeu todos os acordos com EUA que, por sua vez, congelaram todos os depósitos da República Islâmica do Irã nos bancos dos EUA e em vários outros países.


Caças iranianos F-4
McDonnell Douglas F-4 Phantom do Irã © AFP 2017/ ATTA KENARE

O parque de aviões de combate do Irã é muito obsoleto. Ele conta com F-4, F-5 (de fabricação americana dos anos 50 do século XX), F-7 (análogo chinês do MiG-21 soviético de produção dos anos 50-60), F-14, Su-20, Su-24, Su-25 e MiG-29 (desenvolvido nos anos 70-80). Para além disso, muitos aparelhos que estão no serviço da Força Aérea do Irã, estão fora de serviço.

Atualmente, o Irã está sob efeito de uma série de sanções estadunidenses, inclusive na área da aviação e armamentos. A Sputnik Persa falou com um especialista militar iraniano para saber como o ramo militar do Irã lida com as dificuldades econômicas.

"Durante a guerra entre Irã e Iraque, os Estados Unidos fizeram tudo para impedir o Irã de receber equipamento, peças de reposição e tecnologia para sua manutenção. Eles prolongaram as sanções e forçaram a comunidade internacional a pressionar o Irã", diz Seyyed Mostafa Khoshcheshm.

Ele acrescentou que os pilotos iranianos são reconhecidos em todo o mundo como bons profissionais, mas por falta de peças sobresselentes eles enfrentaram problemas na exploração dos aparelhos. Foi tomada a decisão, lembra o especialista, de comprar peças no mercado livre, mas mesmo isso foi difícil de realizar: as sanções dos tempos de guerra regulavam a quantidade e qualidade de todos os materiais, por exemplo, uma fábrica iraniana não pôde mesmo fazer passar dois caminhões com arame farpado através das fronteiras da Rússia e da Ucrânia porque havia suspeitas que podia ser usado com fins militares.

"Como resultado, o Irã foi forçado a começar a construir peças usando tecnologia de produção inversa. Muitas peças dos aviões americanos foram reconstruídas no nosso país e instaladas com êxito nos aviões. Devido às sanções, esta tecnologia ganhou desenvolvimento. Um país que antes não era capaz de produzir nem um cartucho atingiu tal nível que até os EUA se mostram preocupados com os mísseis iranianos", diz.

A mesma coisa aconteceu com a Força Aérea iraniana, continuou. O Irã hoje não produz apenas peças para manutenção de aviões: o país atingiu autonomia na construção e produção de outras peças. No Irã até foram desenvolvidas armas para aviões.

"Graças às sanções, o Irã obteve sucessos na fabricação inversa, especialmente na indústria de defesa. O Irã entrou na lista dos países mais desenvolvidos nesta área", destaca o especialista.

Na produção de armas o principal não é o lucro econômico, mas a necessidade estratégica, explica. Desde o início da Revolução Islâmica, os EUA tentaram atingir seus objetivos com sanções impostas ao Irã.

"Se os americanos soubessem que, mesmo sob sanções, o Irã alcançaria tal nível de desenvolvimento, eles nunca teriam introduzido as sanções", sublinhou.

Os EUA pensavam que o Irã e sua Força Aérea, dois anos após a revolução e com uma guerra com o país vizinho apoiado por 37 países, cedesse. Mas seus cálculos fracassaram, resumiu Seyyed Mostafa Khoshcheshm.


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