Investimento bilionário da Marinha do Brasil 'não é luxo, é necessidade', diz especialista

A Marinha do Brasil está em fase final de negociações em uma licitação para a compra de 4 corvetas do Projeto Tamandaré. As corvetas devem se somar à frota brasileira a um custo de cerca de R$ 6,2 bilhões. Para comentar o assunto, a Sputnik Brasil ouviu Pedro Paulo Rezende, especialista na questão militar.


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É esperada para março deste ano a divulgação dos resultados de uma licitação da Marinha do Brasil para a construção das novas corvetas. As negociações foram abertas em fevereiro.


Porta-helicópteros Atlântico no Píer Mauá, no Rio de Janeiro, em 11 de dezembro de 2018
Porta-helicópteros A-140 Atlântico © Sputnik / Renan Lúcio

São quatro os consórcios concorrendo na licitação do Projeto Tamandaré: Águas Azuis, Damen Saab Tamandaré, FLV e Villegaignon. Atualmente o Brasil conta com três embarcações do tipo, sendo uma da Classe Barroso e outras duas da Classe Inhaúma.

"O principal motivo [do investimento] é que toda a frota brasileira, a esquadra, está caindo aos pedaços. Essas quatro corvetas vão substituir, na verdade, seis fragatas da Classe Niterói, duas fragatas da Classe Dodsworth e duas Inhaúma. Ou seja, todos esses navios que eu citei estão em fim de vida, alguns em situação muito crítica, como as duas Inhaúma. Então é uma necessidade urgente substituir esses navios na Marinha do Brasil", afirma o especialista Pedro Paulo Rezende, em entrevista à Sputnik Brasil.

"Sabe quando você tem um carro velho? Uma Brasília amarela que já deu o que tinha que dar, que já fundiu o motor, que você já fez o motor e ela está soltando óleo, o freio não está funcionando, o assoalho está furado, se você colocar muito peso ali você corre o risco de arrebentar o assoalho e ficar com o pé no chão no veículo? Essa é a situação da esquadra brasileira. Então tem pontos que você tem que ter uma interferência imediata. Isso não é luxo não, é uma necessidade imediata", relata o jornalista.

Rezende explica que a ideia de substituir os navios já vem de alguns anos, especificamente desde 2012. Ele ressalta, inclusive, que a ideia original dos militares era substituir os navios antigos por embarcações ainda melhores. O empecilho financeiro, no entanto, falou mais alto.

"Você nota que é uma diferença muito grande do que foi planejado. Na verdade, o prioritário para nós eram as fragatas de 6 mil toneladas, que seriam cinco, e depois se construiriam as corvetas de 3.200 toneladas. A gente inverteu porque não tem condição financeira de bancar um programa mais sofisticado", lembra Rezende.

O especialista ainda aponta que a frota é importante para defesa das riquezas naturais brasileiras espalhadas pela extensa costa, com 7.367 km, que abriga a chamada Amazônia Azul. Entre as necessidades, ele explica, estão a proteção contra navios pesqueiros ilegais na região e também a defesa das plataformas petrolíferas brasileiras.

Tendo em vista as riquezas naturais a serem protegidas, o especialista acredita que o gasto de mais de R$ 6 bilhões com a renovação da frota se justifica, uma vez que a necessidade é ainda maior. "A gente partiu para a compra de um equipamento mais simples, mais limitado, como emergência", ressalta Rezende.

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