Confrontos entre a polícia e manifestantes na Caxemira indiana

Milhares de pessoas protestaram na cidade de Srinagar, após 12 dias de bloqueio das comunicações.


France Presse

Centenas de manifestantes enfrentaram nesta sexta-feira (16) na Caxemira a polícia da Índia, que respondeu com gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Manifestantes em Srinagar, na região indiana da Caxemira, protestam no dia 16 de agosto de 2019 — Foto: Danish Ismail/Reuters
Manifestantes em Srinagar, na região indiana da Caxemira, protestam no dia 16 de agosto de 2019 — Foto: Danish Ismail/Reuters

Os confrontos aconteceram depois que milhares de pessoas protestaram na cidade de Srinagar, após 12 dias de bloqueio das comunicações e de restrição dos deslocamentos neste território em disputa, do qual a Índia revogou a autonomia.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversou nesta sexta-feira (16) por telefone com Imran Khan , o primeiro-ministro do Paquistão, o país vizinho da Índia que disputa a região da Caxemira.

Trump disse que a Índia e o Paquistão devem se resolver por meio de um diálogo bilateral.

Fim da autonomia

O governo da Índia rebaixou, na segunda-feira (5), o status especial do estado de Jammu e Caxemira em uma tentativa de integrar plenamente a única região de maioria muçulmana do país, a ação política de intervenção mais extrema no território em cerca de sete décadas.

Serviços de telefone e internet foram suspensos –eles começam a voltar a funcionar nesta sexta (16) –, e foi decretada prisão domiciliar de líderes políticos.

Tema foi discutido na ONU

Os membros do Conselho de Segurança da ONU acreditam que a Índia e o Paquistão devem evitar tomar ação a respeito da região de Jammu e Caxemira, que é disputada pelos dois.

A informação é o representante chinês na ONU, que participou de uma reunião sobre o tema.

Os 15 membros do conselho se reuniram a pedido da China e do Paquistão, que protocolaram o pedido depois que a Índia removeu a autonomia que o território tinha pelas regras da Constituição do país.

São raras as ocasiões em que a China pede uma reunião do Conselho de Segurança.

O embaixador da Índia para a ONU, Syed Akbaruddin, disse que a decisão é uma questão doméstica e que o país está comprometido a garantir que a situação se mantenha calma e pacífica.

A China propôs que o Conselho de Segurança emitisse uma nota sobre a situação de Jammu e Caxemira (esse é o nome do estado), mas os Estados Unidos, a França e a Alemanha não aceitaram, de acordo com diplomatas – é preciso que haja consenso para que o Conselho emita uma nota.

Zhang Jun, o embaixador chinês, resumiu as discussões descrevendo a preocupação pela situação. Nenhum outro membro do Conselho deu declarações.

“Eles estão preocupados por causa de direitos humanos e também pela visão geral dos membros de que as partes devem evitar decisões unilaterais que podem agravar a tensão lá, pois a situação já é perigosa”, afirmou Zhang.

Akbaruddin acusou Zhang de tentar transmitir a avaliação dele como se fosse a vontade da comunidade internacional.

Ao responder uma pergunta sobre direitos humanos, ele disse: “Se houver algum problema, ele será discutido, será tema de nossas cortes, nós não precisamos de uma entidade internacional para dizer como devemos viver nossas vidas. Somos mais de um bilhão de pessoas”.

Divisão

A região de Caxemira, que tem maioria muçulmana, é motivo de uma animosidade entre Índia e Paquistão há mais de 70 anos, desde que o Reino Unido fez a divisão da colônia entre Índia (majoritariamente hindu) e Paquistão (muçulmano).

Depois da divisão do subcontinente indiano em 1947, esperava-se que a Caxemira fosse para o Paquistão, pois isso havia acontecido com as outras regiões de maioria muçulmana.


Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem