Em meio à crise de submarinos, UE adia negociações com Austrália

A União Europeia adiou "em ao menos um mês" uma nova reunião com o governo da Austrália para debater um possível acordo de livre comércio, informou uma fonte do bloco nesta sexta-feira (1º).

ANSA

O adiamento chega em meio a uma crise na compra de submarinos norte-americanos feitas por Camberra e paralisa os encontros, que já estavam seguindo para sua 12ª reunião.

Acordo anunciado por Austrália afetou negociações com a União Europeia | Foto: EPA / Ansa - Brasil

Em 15 de setembro, os australianos anunciaram que haviam fechado uma aliança com os Estados Unidos e o Reino Unido para, entre outros pontos, receber submarinos com propulsão nuclear. A Aukus seria uma forma de unir forças para lutar contra a influência da China na região indo-pacífica.

O problema é que a Austrália tinha um acordo, firmado em 2016, com a França para o fornecimento de 12 submarinos convencionais, em um contrato de 56 bilhões de euros por meio do Naval Group.

Os franceses, assim como todo o bloco europeu, souberam da Aukus durante o anúncio dos presidentes e se surpreenderam com a formação de uma nova aliança.

Em duras entrevistas e declarações, membros do governo francês, incluindo o presidente Emmanuel Macron, afirmaram que consideraram o jeito com que tudo foi feito uma "traição" dos australianos e que "não confiavam mais" no governo de Camberra.

Por declaração, o ministro do Comércio da Austrália, Dan Tehan, tentou minimizar a crise. "Entendemos a reação da França sobre a nossa decisão sobre os submarinos, mas no fim, cada país deve agir em seu interesse nacional, coisa que a Austrália fez", ressaltou.

O australiano deveria se reunir com o comissário europeu de Comércio, Valdis Dombrovskis, na próxima semana, mas disse que "continua a se preparar para o 12º round de negociações e a trabalhar para um acordo de livre comércio que seja interessante para a Austrália e a UE".

De acordo com os dados atuais, a União Europeia é o terceiro parceiro comercial da Austrália. Em 2020, as vendas de mercadorias entre as duas economias foram avaliadas em 36 bilhões de euros e nos serviços o valor chegou a 26 bilhões de euros.

A rodada cancelada da próxima semana deveria debater áreas de comércio, serviços, investimentos e os direitos de propriedade intelectual.

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