Imprensa francesa avalia se a Ucrânia pode vencer a Rússia, como dizem os EUA

A imprensa francesa analisa nesta quarta-feira (27) o risco assumido por 40 aliados ocidentais de elevar a pressão contra o presidente russo, Vladimir Putin, acelerando o envio de armas à Ucrânia. A decisão foi tomada ontem em um encontro de ministros da Defesa na Alemanha. O jornal Libération questiona em sua manchete de capa até que ponto a Ucrânia tem condições de vencer a guerra contra o invasor russo, como acredita o governo dos Estados Unidos.

RFI


Berlim irá fornecer tanques de guerra à Ucrânia, marcando uma guinada histórica em sua política externa no pós-guerra, enquanto Washington promete ajudar o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, "até o sucesso final". O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, alertou os ocidentais contra o risco de uma Terceira Guerra Mundial, "um conflito que na realidade já começou", diz o editorial do Libération.

Militares ucranianos operam um lançador múltiplo de foguetes do tipo Grad BM-21, comprado da Rússia, contra posições de Moscou na região de Lugansk, no leste da Ucrânia. 26/04/2022 REUTERS - SERHII NUZHNENKO

Com mais de US$ 4 bilhões em ajuda desde o início da presidência de Joe Biden, Washington continua sendo, de longe, o principal patrocinador do governo ucraniano. Dois fatores, na opinião de uma fonte diplomática francesa ouvida pelo Libération, explicam a adesão dos europeus ao enfrentamento desejado pela administração democrata.

"Em primeiro lugar, a resistência heróica dos ucranianos, que desmentiu todas as análises dos serviços de inteligência europeus, e a luz lançada sobre os erros do Exército russo", afirma a fonte francesa. Outro aspecto decisivo foi o "choque provocado pelos crimes de guerra provavelmente cometidos pela Rússia na periferia de Kiev" e em outras cidades ocupadas pela tropas do Kremlin. Esses abusos endossaram a necessidade de enfrentar Vladimir Putin, escreve o diário progressista, embora a publicação insista que se trata de "uma estratégia arriscada, devido à imprevisibilidade" de Putin.

O site do Le Monde afirmava na manhã desta quarta-feira que, apesar do "dilúvio de bombas" russas lançadas na região de Donbass, Moscou não consegue conquistar totalmente essa faixa do território cobiçada por Putin. Ele pretendia declarar uma vitória nessa região fronteiriça até a data de 9 de maio, quando os russos celebram a vitória contra o nazismo na Segunda Guerra, mas o Exército ucraniano resiste e nenhum sucesso decisivo desponta no horizonte, na avaliação do jornal francês.

Próximo alvo de Putin

Le Figaro acredita que a próxima meta do Kremlin será a Transnístria, uma região separatista apoiada econômica e militarmente por Moscou na Moldávia. Ontem, várias explosões nesse território danificaram antenas de rádio. Na véspera, as autoridades disseram que a sede do Ministério de Segurança Pública em Tiraspol – a "capital" da Transnístria – tinha sido alvo de um ataque com granadas.

A presidente pró-europeia da Moldávia, Maia Sandu, considera que esses incidentes são uma tentativa de desestabilização de seu país, mas incitou a população a manter a calma. Sandu diz estar reforçando a segurança em todo o território da Moldávia, que faz fronteira com o oeste da Ucrânia, região ainda preservada pelos bomberdeios russos.

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