Bruxelas já não tem mais opções para sancionar Rússia, afirma diplomata da União Europeia

A União Europeia já aplicou mais de 950 sanções contra a Rússia pelo reconhecimento das repúblicas populares do Donbass e sua consequente operação militar especial na Ucrânia, iniciada em fevereiro.

Sputnik

Depois que a Hungria suspendeu o 6º pacote de restrições que propunha um embargo contra o fornecimento de petróleo russo, o que teria um enorme impacto econômico no país, a União Europeia (UE) está ficando sem opções para sancionar a Rússia, disse um diplomata da união.

© Sputnik / Vladimir Sergeev

"O 7º pacote de sanções contra Moscou será extremamente difícil [...] Estamos muito perto de atingir nosso limite. O que o 7º pacote incluirá"?, perguntou o diplomata, que esteve presente na reunião de segunda-feira (16) dos ministros das Relações Exteriores da UE discutindo as restrições propostas, falando à Euractiv.

"Se houve tanta confusão com o petróleo da Rússia, imagine o que aconteceria com uma proposta de proibição do gás", acrescentou o funcionário.

O diplomata enfatizou que a Hungria não se afastou de sua posição sobre o embargo de petróleo proposto contra a Rússia – referindo-se ao alerta do primeiro-ministro, Viktor Orbán, de que tal proibição teria um efeito na economia húngara equivalente a uma "bomba atômica".

"A Hungria está fazendo de tudo para obter garantias [...] essencialmente para obter o dinheiro do Fundo de Recuperação e ainda mais", disse o responsável. O diplomata, no entanto, expressou confiança de que a questão vai ser resolvida antes de ser levada a uma cúpula devido à "enorme pressão" que seria colocada sobre Orbán.

Além disso, o funcionário alertou que outros países que devem sofrer economicamente no caso de uma proibição do petróleo – como a Bulgária – podem enfrentar pressões populares depois que seus cidadãos começarem a questionar por que seus países não receberam a assistência proposta no estilo húngaro.

Em entrevista ao El País na semana passada, o ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, disse que a proibição do petróleo russo exigiria que Budapeste investisse até € 550 milhões (cerca de R$ 287 milhões) na capacidade de refinar petróleo não russo e mais € 200 milhões (pouco mais de R$ 1 bilhão) no oleoduto do mar Adriático. Esses projetos levariam anos para serem implementados e o preço do gás na Hungria aumentaria 55%.

Bruxelas tentou resolver a questão propondo que a Hungria fosse compensada por pelo menos algumas de suas perdas esperadas.

Áustria, República Tcheca, Eslováquia, Bulgária e outros membros da UE expressaram suas próprias preocupações sobre a rápida eliminação da energia russa, dizendo que não têm alternativas fáceis para substituir o suprimento. No início deste mês, o Departamento de Estado dos EUA expressou confiança de que a UE avançaria com a proibição do petróleo russo nas próximas semanas, abrindo caminho para bilhões de dólares em petróleo bruto e gás natural dos EUA.

A Europa impôs quase 1.200 sanções à Rússia desde 2014, com mais de 950 delas introduzidas desde fevereiro por conta de sua operação militar especial na Ucrânia. As restrições contribuíram para o aumento da inflação e dos custos de energia experimentados pela região e grande parte do resto do mundo nos últimos meses.

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