Vídeo mostra discussão entre perito e dono do ferro-velho horas antes do crime; testemunha detalha emboscada

Renato Couto de Mendonça foi assassinado por militares, e seu corpo, localizado nesta segunda (16).

Por Eduardo Tchao | TV Globo

Uma testemunha registrou uma discussão entre Renato Couto, o papiloscopista morto por militares da Marinha, e Lourival Ferreira de Lima, dono do ferro-velho e um de seus assassinos, horas antes do crime. O corpo do perito foi localizado e reconhecido nesta segunda-feira (16).

Perícia vai tentar descobrir se realmente são o policial e Lourival que aparecem nas imagens | Reprodução/Redes Sociais

Parte da briga, na manhã de sexta-feira (13), foi gravada, e o vídeo obtido pelo g1 (veja aqui).

A reportagem também teve acesso ao depoimento de outra testemunha, com detalhes da emboscada contra o papiloscopista. Segundo o depoente, o perito foi algemado por militares, apanhou do dono do ferro-velho quando já tinha desmaiado e foi arrastado até a van da Marinha.

O delegado Antenor Lopes, chefe do Departamento-Geral de Polícia da Capital, disse que o vídeo da briga ainda será periciado.

“Não temos confirmação da autenticidade desse vídeo, porque ele tem um corte. Vamos mandar isso para a perícia. Se de fato é o policial. Sendo ele, qual o contexto daquilo ali? A informação é que houve uma discussão, o policial sacou a arma porque teria sido ameaçado”, explicou.

O vídeo da briga

Na gravação, Renato, de verde, aponta uma arma e grita para Lourival, de cinza. Em alguns momentos, o papiloscopista bate no dono do ferro-velho.

Segundo as investigações, Renato tinha encontrado peças furtadas de uma obra sua no estabelecimento de Lourival e foi cobrar a devolução ou o ressarcimento.

“Ajoelha, c*ralho”, grita Renato. “Não pode comprar produto roubado! Você me respeita!”

Depois dessa discussão, ainda de acordo com a polícia, Lourival falou com o filho, o sargento da Marinha Bruno Santos de Lima, para revolver a questão.

A polícia afirma que, a partir daí, pai e filho arquitetaram uma emboscada.

Bruno chamou dois colegas de farda, o cabo Daris Fidelis Motta e o terceiro-sargento Manoel Vitor Silva Soares, e combinou um novo encontro com Renato para a tarde de sexta, prometendo uma solução.

Quando Renato chegou, ele foi rendido pelos quatro.

A emboscada, segundo a testemunha
  • Eram 14h30 de sexta-feira quando Lourival, Daris e Manoel seguram Renato por trás.
  • O trio tenta algemá-lo. Renato reage, e só um pulso é preso.
  • Bruno, armado, ordena: “Deita no chão!”
  • Um dos três que tentavam imobilizá-lo grita para Bruno: “Aplica esse cara logo!”
  • Bruno dispara, atingindo Renato na perna.
  • Renato não cede e procura se desvencilhar.
  • Bruno atira de novo, agora acertando o perito no peito.
  • Renato começa a desfalecer, mas diz: “Eu não fiz nada, eu não fiz nada!”
  • Um dos agressores diz: “Ele vai cair, ele vai cair!”
  • Lourival recolhe as cápsulas dos disparos.
  • Bruno, Daris e Manoel arrastam a vítima para dentro da van da Marinha.
  • Lourival bate e chuta várias vezes em Renato, desacordado.
  • Bruno dispara uma terceira vez contra o papiloscopista.
  • Renato é colocado na van.
Os quatro confessaram o crime e disseram que jogaram Renato de uma ponte do Arco Metropolitano sobre o Rio Guandu, em Japeri.

Corpo reconhecido

O corpo de Renato foi localizado na manhã desta segunda-feira (16), três dias após o crime. Parentes o reconheceram ainda às margens do Rio Guandu e se emocionaram.

O Globocop sobrevoava a área das buscas quando avistou um corpo parcialmente submerso preso sob galhos. Bombeiros o recolheram e o levaram para o solo.

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