EUA estão preocupados com ‘alinhamento’ entre China e Rússia, diz Blinken

Secretário de Estado americano teve conversa “sincera” por mais de 5 horas com ministro das Relações Exteriores chinês sobre posição da China em relação à invasão russa da Ucrânia

Reuters


O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse no sábado (9) que discutiu a invasão russa da Ucrânia durante mais de cinco horas de conversas com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e levantou preocupações sobre o alinhamento de Pequim com Moscou.

Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos | Reprodução

Ambos os diplomatas descreveram sua primeira conversa pessoal desde outubro como “sincera”, com a reunião ocorrendo um dia depois de participarem de um encontro de ministros das Relações Exteriores do G20, na ilha indonésia de Bali.

“Eu compartilhei novamente com o conselheiro de estado que estamos preocupados com o alinhamento da RPC [República Popular da China] com a Rússia”, disse Blinken, em entrevista coletiva após as negociações, referindo-se à República Popular da China.

Ele disse que não achava que a China estivesse se comportando de maneira neutra, pois o país apoiou a Rússia nas Nações Unidas e “amplificou a propaganda russa”.

Após a reunião, um funcionário do governo dos EUA disse que “nenhum dos lados se conteve”.

“Fomos muito abertos sobre onde estão nossas diferenças […] mas a reunião também foi construtiva porque, apesar da franqueza, o tom foi muito profissional”, disse o funcionário do governo.

Blinken disse que o líder chinês, Xi Jinping, deixou claro em uma ligação em 13 de junho com o presidente russo, Vladimir Putin, que ele defende a decisão de formar uma parceria com a Rússia.

Pouco antes da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro, Pequim e Moscou anunciaram uma parceria “sem limites”, embora autoridades norte-americanas digam que não viram a China escapar das duras sanções lideradas pelos EUA à Rússia ou fornecer equipamentos militares ao país.

Autoridades dos EUA alertaram para as consequências, incluindo sanções, caso a China ofereça apoio material à guerra que Moscou chama de “operação militar especial” para degradar as forças armadas ucranianas. Kiev e seus aliados ocidentais dizem que a invasão é uma apropriação de terras não provocada.

Questionado sobre sua recusa em conversar com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, no G20, Blinken disse: “O problema é este: não vemos nenhum sinal de que a Rússia, neste momento, esteja preparada para se envolver em uma diplomacia significativa”.

Wang trocou opiniões aprofundadas sobre “a questão da Ucrânia” durante as negociações de sábado, de acordo com uma nota divulgada por seu ministério, sem dar detalhes.

Ele também disse a Blinken que a direção das relações EUA-China corre o risco de ser ainda mais “desviada” devido ao problema da percepção que os Estados Unidos têm sobre a China.

“Muitas pessoas acreditam que os Estados Unidos estão sofrendo de um ataque cada vez mais sério de ‘sinofobia’ [sentimento anti-China]”, disse Wang.

Questão de tarifas

Wang também disse que Washington deveria cancelar as tarifas adicionais impostas à China o mais rápido possível e cessar as sanções unilaterais às empresas chinesas.

Autoridades dos EUA haviam dito antes das negociações que a reunião visava manter estável o difícil relacionamento EUA-China e impedir que ele se transformasse inadvertidamente em conflito.

No final de junho, o conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, disse que o presidente dos EUA, Joe Biden, e o chinês, Xi Jinping, deveriam falar novamente nas próximas semanas.

Daniel Russel, um importante diplomata dos EUA para o Leste Asiático sob o governo do ex-presidente Barack Obama, e que tem contato próximo com funcionários do governo Biden, disse antes das negociações que um dos principais objetivos da reunião seria explorar a possibilidade de um encontro pessoal entre Biden e Xi, o primeiro deles como líderes.

Os Estados Unidos chamam a China de seu principal rival estratégico e estão preocupados com a possibilidade de um dia o país tentar assumir o controle da ilha democrática autogovernada de Taiwan.

Apesar da rivalidade, as duas maiores economias do mundo continuam sendo os principais parceiros comerciais, e Biden está considerando a eliminação de tarifas sobre uma série de produtos chineses para conter a inflação nos EUA antes das eleições de meio de mandato em novembro.

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