Generais da reserva: salários dos estrelados nas estatais surpreendem quem acreditava em “sacerdócio”

Ao longo de mais de 40 anos de carreira e principalmente nos últimos anos, quando comanda grandes contingentes militares, o oficial general é peça chave nas decisões sobre quais equipamentos serão adquiridos, quais empresas vão vender para as Forças Armadas e até quanto de reajuste o governo terá que dar para os militares da força. São os generais que decidem quais políticos e personalidades influentes são homenageados ano a ano pelas instituições militares.


Por Robson Augusto | Sociedade Militar

Qual político não gostaria de se tornar um Comendador?


Qual deputado não gostaria de receber o título nobiliárquico de cavaleiro da Ordem do Mérito Naval em uma cerimônia pomposa, digna daquelas que ocorriam nos castelos medievais, com militares portando espadas, soldados marchando, bandas musicais e grandes autoridades da república?

Qual desembargador não se sentiria extremamente honrado em ser convidado para um jantar com generais da mais alta corte militar do país?

A gentileza extrema e a absoluta ausência de atritos com o alto escalão da república, independente de seu viés político, são características marcantes do generalato brasileiro. A rede de relacionamentos construída pelos chamados “príncipes” ou “estrelas” é enorme e ajuda muito, sendo condição para que muitos dos “estrelados” assumam cargos muito bem remunerados depois que passam para a reserva remunerada das Forças Armadas.

Depois de transferidos para a reserva, o chamado pijama, bem relacionados e considerados homens de confiança, sempre discretos e extremamente submissos ao governo, independente de viés político que este possua – se de esquerda, direita ou centro – os generais se transformam em uma espécie de curingas, colocados pelo governo nos mais diferentes postos da administração pública, onde se exige obediência e discrição extrema.

Alguns exemplos de cargos com bons salários assumidos por generais “aposentados”

Na APEX, o General de Exército na reserva Mauro Cesar Lourena Cid, segundo o site Poder360, recebia 63 mil reais e como general reformado por volta de R$ 23.000. A quantia total que recebia, portanto, dos cofres públicos durante o governo Bolsonaro, ultrapassava a cifra dos 85 mil reais, algo sequer sonhado pela maior parte dos funcionários públicos brasileiros e – muito menos – pelo trabalhador comum.

Outro oficial, que maneja muito bem a arte do malabarismo entre governos de esquerda e direita é o Almirante Leal, ex-ministro de Dilma e Temer, mas também homem de confiança de Bolsonaro. Na Petrobrás, durante o governo Bolsonaro, Leal recebia salário modesto, cerca de 15 mil reais. Agora – no governo Lula como indicado da Petrobrás na Braskem/Odebrecht recebe cerca de 65 mil reais. Como o almirante recebe da Marinha o salário de “marechal” reformado, cargo que não existe mais, é de cerca de 24 mil reais. A cifra que embolsa todos os meses também está por volta de 80 mil reais.

E o general Joaquim Silva e Luna, por onde anda? Mencionado na Câmara dos Deputados como detentor de subsídio milionário na Petrobrás, que equivalia mensalmente ao salário de mais de 150 trabalhadores que recebem salário mínimo, hoje recebendo soldo como MARECHAL, esse militar, que também comandou a Itaipu Binacional com salário de em média 79 mil mensais, recebe mensalmente do Exército 30.215,24 e atualmente não consta que esteja empregado em alguma empresa pública. O militar, pelo que se sabe, pretende se candidatar em 2024 a prefeito em Foz do Iguaçu.

R. Rodrigues é general de Divisão na reserva remunerada. Como militar da reserva recebe o salário de cerca de 20 mil reais e como Diretor Presidente da IMBEL recebe o subsídio mensal de R$ 20.136,72. Somando salários que o militar recebe do Exército e da Estatal IMBEL chega-se a 40 mil reais.

Outra estatal que fornece assentos para generais da reserva é a INB (Indústrias Nucleares do Brasil). Hoje o diretor da empresa é o Almirante C. F. MOREIRA. Em julho de 2023 ele recebeu um subsídio de 39 mil mil reais. Somando com o salário de militar reformado, que é de 19 mil reais mensais, o militar recebeu em julho de 2023 algo em torno de 58 mil reais.

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