Biden chega ao Vietnã para reforçar 'cooperação' em sua estratégia frente à China

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, elogiou neste domingo (10) durante a sua visita ao Vietnã o aprofundamento da cooperação com este país fronteiriço com a China, viagem que deve focar no comércio de semicondutores e terras-raras.


France Presse

Biden chegou ao Vietnã neste domingo, partindo da Índia, depois de participar na cúpula do G20 em Nova Délhi. Foi recebido com pompa por Nguyen Phu Trong, secretário-geral do Partido Comunista que governa o Vietnã.

A bandeira americana ao lado da do Vietnã no Palácio Presidencial de Hanói em 9 de setembro de 2023, um dia antes da visita de Joe Biden © Nhac NGUYEN

O objetivo da visita é assinar uma "aliança estratégica ampliada" que é o mais alto nível de cooperação diplomática do Vietnã, país onde os Estados Unidos mobilizaram as suas tropas em uma guerra que terminou em 1975.

"Este pode ser o início de uma era de cooperação ainda maior", disse Biden no seu encontro com Nguyen Phu Trong.

"O Vietnã e os Estados Unidos são parceiros fundamentais em um momento que eu diria muito crítico", afirmou o presidente americano, que foi recebido por um grupo de militares vestidos com roupas de gala e por uma multidão de crianças em idade escolar que agitavam bandeiras dos dois países.

O objetivo principal da visita de Biden ao Vietnã é o mesmo da cúpula do G20: reunir apoio contra a crescente influência da China.

Washington e Hanói chegaram a um acordo sobre a produção de semicondutores no Vietnã "em benefício da indústria americana" e com o objetivo de torná-la menos dependente do gigante asiático, segundo um comunicado divulgado neste domingo.

Os Estados Unidos consideram o Vietnã – um produtor de tecnologia que também possui reservas de terras-raras – importante na sua estratégia para reduzir a sua dependência da China, após anos de perturbações na cadeia de abastecimento e de tensões com Pequim.

O líder vietnamita elogiou Biden em sua chegada ao palácio presidencial em Hanói e disse: "Você não envelheceu um dia, na verdade eu diria que você está melhor do que nunca".

O presidente americano – que tem 80 anos, faz campanha para a reeleição em 2024 e é frequentemente criticado por sua idade – respondeu com um sorriso.

- Acordo militar com a Rússia -

O Vietnã procura dar a impressão de que não toma partido nem dos Estados Unidos nem da China, mas compartilha a preocupação de Washington sobre as reivindicações de Pequim no disputado Mar da China Meridional, onde Hanói também tem reivindicações.

Antes da chegada de Biden, o The New York Times noticiou que o Vietnã estava negociando secretamente um novo acordo de armas com a Rússia, apesar das sanções impostas pelas potências ocidentais a Moscou.

Neste domingo, Finer mencionou as relações de cooperação militar que a Rússia e o Vietnã mantêm há décadas.

Segundo o alto funcionário americano, há "um mal-estar crescente entre os vietnamitas" sobre esta relação e afirmou que Washington e os seus aliados podem ajudar Hanói a "diversificar os seus parceiros".

Na segunda-feira, o presidente dos EUA se reunirá com o seu homólogo, Vo Van Thuong, e com o primeiro-ministro Pham Minh Chinh.

- Direitos humanos -

Biden disse que levantou a questão dos direitos humanos em sua reunião com Trong e se comprometeu a continuar com um "diálogo franco".

O presidente chega ao Vietnã poucos dias depois de a Comissão do Governo dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) ter criticado que neste país existem violações "persistentes" e que a situação parece piorar.

Biden – que critica a China em matéria de direitos humanos – mantém-se em grande parte silencioso sobre a situação no Vietnã e os ativistas temem que ele não insista no assunto durante a visita.

Para visitar Hanói, Biden precisou abandonar antes do final a cúpula do G20, cujos líderes chegaram a acordo sobre uma declaração conjunta que evitou divisões sobre a guerra na Ucrânia e a luta contra a mudança climática.

A agenda de Biden inclui uma visita ao memorial do seu amigo John McCain, o falecido senador republicano que lutou durante a Guerra do Vietnã, foi capturado e suportou um longo cativeiro, mas depois ajudou a reconstruir as relações entre os dois países.

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