Maduro envia milhares de soldados para fronteira com Guiana em resposta à 'ameaça' britânica no Essequibo

Mais de 5.600 soldados da Venezuela participam, a partir desta quinta-feira (28), de exercícios militares ordenados pelo presidente Nicolás Maduro como "resposta à provocação e ameaça do Reino Unido", que enviou um navio de guerra para a Guiana em meio a uma disputa territorial na região do Essequibo.


RFI

"Ordenei a ativação de uma ação conjunta de todas as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (venezuelanas) no Caribe Oriental, na costa atlântica, uma ação conjunta de natureza defensiva, em resposta à provocação e ameaça do Reino Unido contra a paz e a soberania de nosso país", disse o presidente Maduro em uma transmissão de rádio e televisão, na qual mostrou imagens de navios de guerra e aviões de combate em patrulha.

Maduro envia milhares de soldados para fronteira com Guiana em resposta à 'ameaça' britânica no Essequibo © Leonardo Fernandez Viloria / Reuters

O navio-patrulha britânico HMS Trent chegará à Guiana na sexta-feira (29) e deverá participar de exercícios militares em águas guianenses por "menos de uma semana". Não se espera que ele atraque em Georgetown, disse uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Guiana.

O HMS Trent, normalmente baseado no Mediterrâneo, foi enviado ao Caribe no início de dezembro para combater o tráfico de drogas.

Em um comunicado à imprensa, o governo venezuelano "rejeitou categoricamente a chegada do navio (...) que constitui um ato de provocação hostil".

Presença "extremamente grave"


"A presença dessa embarcação militar é extremamente grave", razão pela qual "a Venezuela insta as autoridades guianenses a tomar medidas imediatas para retirar o HMS Trent e a abster-se de continuar a envolver potências militares na disputa territorial", acrescentou o texto.

As tensões aumentaram depois que a Guiana lançou licitações de petróleo em setembro e, em seguida, realizou um referendo na Venezuela em 3 de dezembro em resposta a uma proposta de anexar o Essequibo, um território de 160 mil km² rico em petróleo e recursos naturais, administrado por Georgetown e reivindicado pela Venezuela.

Cerca de 125 mil pessoas, um quinto da população da Guiana, vivem em Essequibo, que cobre dois terços da superfície do país.

A Venezuela sustenta que o rio Essequibo deveria ser a fronteira natural, como era em 1777 durante o Império Espanhol. A Guiana argumenta que a fronteira, que remonta ao período colonial britânico, foi ratificada em 1899 por um tribunal de arbitragem em Paris.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, e o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, reuniram-se em 15 de dezembro em uma cúpula que ajudou a aliviar a pressão - um compromisso de não usar a força - mas não resolveu a disputa, com ambos os países mantendo suas posições.

De acordo com a fala de Maduro, a primeira fase dos exercícios militares venezuelanos inclui 5.682 combatentes com aviões de guerra F-16 (americanos) e Sukhoi (russos) patrulhando a área.

O Reino Unido já havia demonstrado seu apoio à Guiana, ao enviar seu Secretário de Estado para as Américas, David Rutley, à Venezuela em 18 de dezembro.

(Com informações da AFP)

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