Marinha adapta equipamentos e estruturas para inclusão feminina no setor operativo

Mudanças respeitam as especificidades femininas e reforçam a equidade entre homens e mulheres


Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Vanessa Mendonça e Segundo-Tenente (RM2-T) Larissa Vieira | Agência Marinha de Notícias

Rio de Janeiro, RJ - Com o recente ingresso de mulheres no Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais (C-FSD-FN), a Marinha do Brasil (MB) completa uma trajetória de pioneirismo, que teve início na década de 1980, com a entrada das primeiras militares na Força Naval, e se conclui com o acesso delas a todos os Corpos, Quadros, escolas e centros de formação e aperfeiçoamento. O advento da participação das mulheres em funções combatentes levou a MB a adaptar equipamentos para atender às especificidades do corpo feminino e promover mudanças estruturais em navios e organizações militares de terra.

Aprendiz-Fuzileiro Naval utilizando os equipamentos adaptados para o corpo feminino – Imagem: 3SG-OR Carlos

Para as novas Soldados, respeitando as particularidades anatômicas do corpo feminino, houve a redução do tamanho dos cintos e da altura dos coletes táticos, e ajuste na regulagem das alças das mochilas. Os coletes balísticos também estão sendo ajustados, além do coldre e do painel de perna, com o objetivo de evitar lesões.

No Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (CIAMPA), responsável pelo C-FSD-FN, as adaptações para a chegada das alunas incluíram a criação de um alojamento feminino, com um sistema de reconhecimento facial para a entrada, câmeras de segurança em seu entorno, além da adaptação da enfermaria. Também foram realizadas visitas e consultas a diversas instituições militares, nacionais e internacionais, que já passaram pelo processo de integração da mulher em suas fileiras. Entre elas, a Marinha dos Estados Unidos.

“As instrutoras do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha dos Estados Unidos vieram para cá no início deste ano e passaram as experiências que obtiveram lá com a inserção do sexo feminino e a promoção da equidade no nivelamento entre homens e mulheres. Além disso, nós, instrutoras, participamos na formação do ano passado, adquirindo experiência como instrutoras dos homens, nas companhias masculinas, para aplicar os treinamentos de forma equitativa”, conta a Terceiro-Sargento (Fuzileiro Naval) Vera Inês Silva de Oliveira.

Para o Comandante do CIAMPA, Capitão de Mar e Guerra (Fuzileiro Naval) Vanderli Nogueira Cordeiro Junior, a iniciativa é benéfica para todos. “As adaptações realizadas em nossos equipamentos militares e nas estruturas do CIAMPA, para receber as primeiras mulheres no Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais, destacam a necessidade de adaptar o ambiente militar às especificidades femininas, possibilitando a formação de militares motivadas, comprometidas e, principalmente, preparadas para enfrentar os mais rigorosos campos de batalha”.

Adaptações nos navios


Historicamente, as Marinhas de todo o mundo foram criadas com navios projetados e equipados para acomodar tripulações masculinas. No entanto, as Forças Navais espalhadas pelos cinco continentes recebem, cada vez mais, mulheres a bordo. Isso tornou essencial a adequação dos navios para garantir um ambiente de trabalho confortável e inclusivo. Na MB, um exemplo disso é o Navio-Escola (NE) “Brasil”, onde foram realizadas mudanças estruturais significativas. As adaptações foram iniciadas em 2001, quando o Navio fez a primeira viagem com mulheres integrando a tripulação.

Entre as adaptações realizadas, destacam-se: a separação de banheiros, camarotes e cobertas individuais para o sexo feminino, além da instalação de campainhas para sinalização sonora em todos os compartimentos exclusivos para mulheres. Também foram realizadas palestras com a tripulação, com orientações de conduta e tratamento entre os militares.

Atualmente, seis mulheres servem no NE “Brasil” e, em maio, embarcarão 12 Guardas-Marinha para participar da 38ª Viagem de Instrução. A Primeiro-Tenente (Cirurgiã-Dentista) Jozélia Maria da Conceição Cunha Dutra, ajudante da Divisão de Saúde do Navio, acredita que ser parte da tripulação é uma oportunidade de mostrar o valor e a importância das mulheres na Marinha. ‘‘Integrar a tripulação do navio é uma experiência única e gratificante. Embora seja um ambiente tradicionalmente masculino, o respeito, o apoio e a camaradagem estão presentes diariamente. Ser desta tripulação é motivo de orgulho”, declara.

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