Sudão acusa Israel de ataque à sua capital

Área Militar

O governo do Sudão acusou hoje Israel de estar por detrás do ataque com bombas contra uma instalação industrial na cidade de Kartum, capital do país. A instalação industrial era uma fábrica de armamentos e existem relatos que apontam para a possibilidade de se tratar de uma instalação apoiada diretamente pela guarda revolucionária iraniana.

Segundo o ministro sudanês da informação, Ahmed Belal Osman, o ataque foi efetuado por quatro aviões que lançaram bombas sobre o complexo industrial, causando dois mortos. Para aquele responsável, o ataque destinou-se a reduzir a capacidade militar e de defesa do Sudão.

 
Não é no entanto a primeira vez que o governo sudanês acusa Israel de atacar o país, dado há cerca de um ano e meio ter ocorrido um incidente parecido.

A distância a que Kartum se encontra de Israel é de aproximadamente 1800km, o que implica que para atacar a instalação militar com armas de precisão, seria necessário utilizar reabastecimento em voo e até ao momento não há notícias de que ocorreu alguma movimentação extraordinária no mar vermelho que pudesse ser explicada com o eventual ataque.


Israel recusou comentar as acusações, mas responsáveis daquele país não deixaram de considerar o país africano como um perigoso estado terrorista. Segundo Israel, o Sudão é um dos países que apoia o movimento Hamas, permitindo o transporte de armamento desde o Irão até à faixa de Gaza, através do Egito.


A fábrica de Yarmuk, fica situada a sul da capital sudanesa e fabrica armas ligeiras, mas também tem capacidade para montar e reparar carros de combate.

Existem suspeitas de que Yarmuk terá sido financiada pelos iranianos, ainda que a tese seja disputada. É no entanto verdade que as boas relações entre Kartum e Theeran são de longa data e bastante amistosas.

Outra tese aponta para a possibilidade de ter ocorrido uma acidente na fábrica, o que não ocorreria pela primeira vez. Em Yarmuk são produzidas munições e vários tipos de explosivos, pelo que incidentes numa fábrica onde não existem grandes preocupações de segurança não são impossíveis, sendo até bastante prováveis.


Aviso ao Irão ?


Vários analistas na região têm aventado a possibilidade de, no caso de se confirmar a tese do ataque por parte de Israel, esta operação ser uma espécie de aviso aos iranianos sobre a real capacidade da força aérea de Israel para efetuar ataques com grande precisão a milhares de quilometros do seu território.


No entanto, estas teses tendem a ser desmentidas por analistas que contrapoem que não seria possível comparar a capacidade de defesa anti-aérea iraniana com a limitada capacidade sudanesa.

 
Além disso, as aeronaves de Israel não precisam atravessar o espaço aéreo de nenhum país para atingir Kartum, pois basta sobrevoar o golfo de Aqaba e o mar vermelho para atingir a costa sudanesa.


Para atacar os iranianos, seria necessário atravessar a Jordânia e o Iraque ou a Arábia Saudita, o que levantaria problemas logísticos muito complicados.

Direito de resposta


As autoridades sudanesas afirmaram nesta quinta-feira que se reservam o direito de responder à alegada operação de Israel, pretendendo igualmente levar a questão ao conselho de segurança das Nações Unidas.

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