Governo comprimiu gasto com militares e expandiu o de civis

No primeiro mandato, houve queda acentuada do gasto per capita com salários das Forças, o que gerou a insatisfação dos servidores

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA - FOLHA DE SÃO PAULO

Durante quatro anos, Lula ampliou a máquina militar em 51,94%, muito mais do que a estrutura de servidores civis, que cresceu 7,65%.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva, que enfrentou recentemente o descontentamento dos controles militares de tráfego aéreo, que reclamavam entre outras coisas do baixo salário, comprimiu o gasto per capita com servidores militares, enquanto expandia o dos civis.

Segundo a nota técnica 01/ 2007 do Ministério do Planejamento, enviada à Câmara em 23 de março, o custo unitário médio do servidor militar, que engloba gasto com salários, encargos e benefícios, caiu 19,2% entre 2002 e 2006, em termos reais. No mesmo período, o custo médio com civis subiu 5,29% acima da inflação medida pelo IBGE. Os dados se referem a servidores da ativa.

Em quatro anos, Lula aumentou a máquina militar em 51,94%, muito mais do que a estrutura de servidores civis, que cresceu 7,65%. Mas a incorporação de 145.085 militares não foi acompanhada por injeção de recursos correspondente.

Os dados revelam que o aumento do volume de recursos para os salários de militares no primeiro mandato de Lula foi 11,24% menor do que a inflação acumulada no período.

O resultado foi a queda acentuada do gasto per capita com salários e a cada vez mais visível inquietação em quartéis, hangares, navios e torres de controle de aeroportos.

Segundo um levantamento do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), porta-voz dos militares no Congresso, 25 oficiais das Forças Armadas pediram baixa só nos primeiros três meses deste ano, em busca de carreiras mais promissoras.

Submetido à pressão, o governo atendeu a algumas das demandas, concedendo reajustes escalonados. "As reduções nas médias per capita são explicadas pelo aumento do número do efetivo variável de recrutas, que constituem a base da pirâmide salarial dos militares federais", diz nota do Ministério da Defesa enviada à Folha.

Segundo o ministério, não ocorreu achatamento salarial.

Para Geraldo Cavagnari, membro do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, o reajuste dado por Lula não cobre a defasagem dos últimos dez anos. "O processo de achatamento dos salários dos militares vem desde o governo FHC."

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