Brasil estuda opções para novos caças

De Rafale a Typhoon passando pelo Su-27


Área Militar

Várias informações algumas delas contraditórias têm vindo a público relativamente ao normalmente chamado programa FX-2, um programa que pretende resolver pelo menos parcialmente o problema da obsolescência dos meios da Força Aérea Brasileira.

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Quando nos anos 70 o Brasil adquiriu 12 caças Mirage-IIIE, a FAB era juntamente com a Força Aérea Argentina a força aérea com os equipamentos mais modernos no continente. O tempo entretanto foi passando e a idade dos Mirage-III brasileiros foi aumentando inexoravelmente. Velhos de idade e obsoletos do ponto de vista tecnológico os Mirage eram já um perigo para a segurança dos pilotos.

A sua substituição começou a ser cogitada ainda nos finais dos anos 90, mas o processo lento e longe de ser prioritário foi-se arrastando. E arrastou-se tanto que os Mirage-III chegaram a um ponto em que já não podiam voar, deixando a defesa aérea brasileira restringida a velhas aeronaves F-5, a maioria delas não modernizadas.

O projecto FX, acabou naufragando, vitima quer dos atrasos, quer das criticas de muitos sectores àquele que era visto como o principal concorrente: o fabricante do caça Mirage-2000, proposto pela EMBRAER.

Com o cancelamento do programa FX, a Força Aérea Brasileira embarcou num programa de emergência destinado a resolver o problema da falta dos Mirage-III (já dados de baixa) optando pela aquisição provisória de uma dúzia de aeronaves Mirage-2000C, que não sendo aeronaves modernas, são no entanto mais sofisticadas que os vetustos Mirage-IIIE que já nem voavam.

Mais recentemente, o Brasil demonstrou interesse em continuar o processo de modernização da Força Aérea com projectos para a aquisição de aeronaves modernas.

A diferença do actual processo para o anterior, tem a ver com a qualidade dos concorrentes. Parece haver predisposição das autoridades militares brasileiras para aumentar os gastos militares pelo menos no que respeita a programas que são vistos como tendo prioridade.

Internamente, têm sido feito comentários por políticos em Brasília sobre a obsolescência do material das forças brasileiras, que se arrisca a ser um factor de desprestigio para o país, principalmente quando na América Latina outros países aparecem como compradores de novos equipamentos militares que deixam o Brasil numa posição que embora não seja de subalternidade, por causa da dimensão do país, permitem a países como Chile ou Venezuela disputar a primazia em termos de superioridade tecnológica.

A pressa que algumas autoridades militares brasileiras parecem ter, pode ter um nome: Hugo Chavez.

O presidente da Venezuela, embora afirmando ser um correligionário político do presidente brasileiro, entrou num processo de modernização das forças armadas da Venezuela, que acabará por colocar aquela força numa situação de vantagem no norte do continente sul americano.

«- É uma questão de prestigio, e o Brasil está sendo passado para trás...» têm afirmado alguns militares, que aproveitam a situação para marcar as suas posições na sempre complicada tarefa de fazer passar leis ou aprovar gastos para as Forças Armadas.

Segundo as informações que se podem colher de várias fontes da imprensa brasileira, e no que diz respeito ao processo de rearmamento com mais visibilidade (a futura compra de novas aeronaves de combate), as negociações que tiveram lugar entre o Brasil e a França para analisar a possibilidade de aquisição do caça Rafale não foram naturalmente concluídas mas estão bem encaminhadas. A Força Aérea Brasileira, tem montada toda a sua estrutura nacional de manutenção e revisão de aeronaves de primeira linha, baseada nas necessidades dos antigos Mirage-III e a passagem para o «caça provisório» Mirage-2000 vem reforçar ainda mais essa organização, pelo que a compra do Rafale seria deste ponto de vista a solução mais simples.

Parece também ser relativamente ponto assente que os Mirage-2000C adquiridos pelo Brasil não deverão sofrer nenhum tipo de alteração significativa, passando à activa praticamente como chegam da França.

A Força Aérea não quer investir nesse caça, porque o investimento poderia ser interpretado pelo poder politico como transformação do Mirage-2000 num caça definitivo, coisa de que a FAB não quer nem ouvir falar.

Por esta razão a proposta francesa para fornecer mais uma dúzia de Mirage-2000C para complementar os 12 que foram adquiridos não tem sido muito bem recebida pelos militares da aeronáutica. A ideia é de que quanto mais Mirage-2000 vier, mais tempo o avião vai ficar na activa.

Outro dos problemas que a FAB tem para resolver, é o programa de modernização do caça ligeiro F-5, programa que está a progredir lentamente. A progressão lenta dos trabalhos e a rápida evolução que o equilíbrio de forças está a sofrer na América Latina, está a transformar o «novo» F-5M brasileiro numa aeronave ultrapassada quando em comparação com os restantes aviões de combate da América Latina, especialmente no Chile e na Venezuela.

Urgência

Sabe-se que do ponto de vista tecnológico, e porque não parece haver nenhuma intenção de adquirir mais Mirage-2000 nem de os modernizar, o pequeno F-5M é na realidade o caça mais sofisticado do Brasil. Isto torna ainda maior a necessidade de apressar a compra de uma nova aeronave. Além dos franceses, com o seu Rafale, estão também na corrida outros aviões.

Em primeiro plano aparecem os novos caças Eurofighter/Typhoon e Saab Grippen, como sendo os que estão mais avançados em termos tecnológicos.

Eles têm capacidade para utilizar os mais recentes equipamentos, radares e mísseis «BVR». Destes três o Grippen é o menos preferido, porque ele é segundo muitos analistas muito pequeno e padece de um problema de autonomia num país onde a capacidade de chegar a lugares distantes é primordial.

Num segundo plano aparecem ainda com possibilidades aeronaves americanas (F-18 e F-16 nas suas versões mais recentes) e também o caça russo Su-27, numa das suas versões mais recentes conhecida como Su-35.

Rejeitando os americanos

Embora extremamente sofisticados, os caças americanos já não são recentes e os problemas com a utilização de equipamentos americanos sob condições impostas por Washington, é normalmente rejeitado pelos militares.

As recentes negociações entre os Estados Unidos e o Brasil, que deixaram inquieto Hugo Chavez e irritado Fidel Castro, podem eventualmente trazer novidades, tudo dependendo da vontade que Washington tiver em enviar uma mensagem clara a Hugo Chavez, sobre quem é que os americanos consideram que é a potência de referência no continente.

Nesse contexto, rumores sobre a possibilidade de venda de uma aeronave como o moderníssimo caça Stealth F-35 são provavelmente apenas isso, mas não deixam de demonstrar que existe por parte de Brasília alguma abertura relativamente às relações com os Estados Unidos, provavelmente condicionada pelas posições assumidas pela Venezuela.

Problemas com os caças russos

O Su-27/Su-35 por seu lado, é visto por muitos como impressionante pelas suas prestações, mas também é antigo e complexo de utilizar e principalmente de manter.

Os seus planos de revisão, reparação e substituição de peças parecem ser completamente diferentes daquilo a que a FAB está habituada. As manutenções são diferentes e os ciclos de manutenção também, porque é difícil fazer pequenas manutenções no enorme caça, que em alguns casos precisará ser desmontado mesmo para fazer pequenas substituições que nos Mirage por exemplo seriam questão de rotina simples e paragem por um dia.

Os russos determinam intervalos muito maiores entre grandes revisões e os seus padrões só agora estão a ser modificados. Os aviões deles, foram feitos para uma realidade muito diferente, em que as questões de custos não eram as mais importantes. A adaptação dos aviões russos aos padrões das forças aéreas ocidentais é por isso vista como complexa. Os russos estão a tentar mudar as coisas e afirmam que nas últimas versões dos seus caças Su-27, como o Su-35 a manutenção vai obedecer a novos padrões porque o Su-35 já foi pensado para realidades diferentes. O problema é que quem receber esse primeiro avião, vai ser a cobaia.

E os militares gostam de jogar pelo seguro.

Seja qual for a escolha, a futura aquisição que o Brasil deverá fazer, deverá recolocar a Força Aérea Brasileira como a força aérea de referência no continente sul americano.


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