"Raid" de Israel à Síria visou reator nuclear, diz jornal

Segundo o "New York Times", ataque aéreo atingiu instalação ainda em obras

Funcionário israelense diz que ação teve também objetivo de "restabelecer a credibilidade de nosso poder de dissuasão"

DAVID E. SANGER
MARK MAZZETTI
DO "NEW YORK TIMES"

O ataque aéreo de Israel à Síria no mês passado teve como alvo uma instalação que especialistas em inteligência consideram ser um reator nuclear parcialmente construído. De acordo com funcionários de governos que tiveram acesso aos relatórios de inteligência, o reator seria do mesmo tipo que a Coréia do Norte utilizou para produzir seu combustível nuclear para uso em armamentos.

A natureza do alvo é um dos mistérios centrais em torno do ataque de 6 de setembro, e sugere que Israel realizou o "raid" para demonstrar sua determinação de dizimar até mesmo o esboço de projeto nuclear num país vizinho.

O ataque faz eco a um "raid" que Israel realizou mais de 25 anos atrás, em 1981, quando destruiu o reator de Osirak no Iraque, pouco antes de entrar em operação. Os israelenses julgam que o ataque tenha atrasado em muitos anos as ambições nucleares do Iraque.

Já as instalações atingidas na Síria pareciam estar muito longe de prontas. Segundo especialistas, a Síria ainda precisaria de anos antes de poder usar o reator para produzir o combustível nuclear que poderia, com vários passos adicionais, ser processado para uso bélico.

Em Washington e em Israel, informações sobre o ataque foram mantidas num nível extraordinário de segredo.

Em seu único comentário público sobre o "raid", o presidente sírio, Bashar al Assad, admitiu neste mês que Israel lançou bombas em um prédio que ele descreveu como "relacionado aos militares", mas que, segundo ele, "não estava em uso".

Um funcionário israelense disse que a ação visava "restabelecer a credibilidade de nosso poder de dissuasão", assinalando que Israel pretendia dizer aos sírios que não permitiria que o país vizinho atingisse nem o potencial para executar um programa nuclear.

Funcionários do governo americano afirmaram que a ação israelense também era um sinal para o Irã. Nem o Irã nem nenhum governo árabe, exceto o da Síria, criticou o ataque, sugerindo que Israel não é o único país com receio de uma Síria nuclearizada. A Coréia do Norte protestou.

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