Sarney: projeto bélico de Chávez é um perigo

Ex-presidente alerta sobre riscos para a América Latina e diz que inclusão da Venezuela violaria tratado do Mercosul


Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. Se depender do ex-presidente José Sarney (PMDB-AC), a Venezuela não deverá ingressar no Mercosul. Classificado na semana passada como um "lacaio e servil" do governo americano por um aliado do presidente venezuelano Hugo Chávez, Sarney ontem usou a tribuna do Senado para questionar a democracia no país vizinho. E fez um alerta sobre o perigo que o Brasil corre diante da corrida armamentista deflagrada no continente por Chávez.

- No momento, não há como declarar que a Venezuela é uma democracia exemplar. Na hora em que se acaba com a alternância de poder, acaba-se com o coração da democracia. Se aprovarmos o ingresso da Venezuela, estaremos violando o Tratado do Mercosul - disse Sarney.

De acordo com Sarney, sua preocupação em relação à Venezuela é maior hoje porque Chávez está transformando o país numa potência militar.

- É um perigo para o Brasil e a América Latina que tenhamos uma potência militar instaurada aqui no continente. Ele (Chávez) investiu US$4 bilhões em armas, comprando caças de última geração, armamento de submarinos e foguetes. Isso não tem o sentido de defesa.

Para Sarney, diplomacia brasileira deve agir

Para ele, a diplomacia brasileira precisa agir rapidamente para reverter esse quadro:

- Nunca fui de arroubos, bravatas. Alerto o Brasil para o perigo que estamos correndo em termos de futuro, porque não acredito que, criando-se uma potência militar na América, tenhamos alguma tranqüilidade em termos de futuro. Teremos problemas sérios no continente.

Sarney destacou que essa não é a primeira vez que se põe em lado contrário ao de Chávez e citou as duas tentativas de golpe patrocinadas pelo venezuelano diante dos governos de Jaime Lusinchi em 1984, e de André Perez em 1992:

- Não estou sendo incoerente. Quando Chávez, em 1984, fez um golpe contra o então presidente Jaime Lusinchi, tive a oportunidade de manifestar-me contrário. Em 4 de fevereiro de 1992, cinco unidades do Exército venezuelano, sob o comando de Chávez, alojaram-se em Caracas com a missão de tomarem instalações militares e de comunicações no Palácio Miraflores. Naquele momento, solidarizei-me com o presidente Andrés Perez contra qualquer golpe aqui no continente.

Assegurando não ter nada de pessoal contra Chávez, Sarney destacou que deu seu apoio ao venezuelano, quando este também foi alvo de um golpe de Estado que o depôs por 48 horas:

- Nossa posição não é de ficarmos contra a Venezuela e nem pessoalmente contra Chávez, mas adverti-lo de que não terá solidariedade do Brasil e nem do continente em qualquer aventura que transforme a Venezuela num país ditatorial.

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