EUA tentam penetrar com helicópteros no Paquistão

Eles não desceram após tiros de advertência, dizem a BBC e a Associated Press

Pentágono e paquistaneses negam incidente; grupo de terroristas pouco conhecido reivindica ataque de sábado ao Marriott de Islamabad



DA REDAÇÃO

Dois helicópteros americanos vindos do Afeganistão tentaram atravessar a fronteira do Paquistão, mas voltaram depois que militares paquistaneses atiraram para o alto em sinal de advertência.

O incidente, relatado por dois informantes dos serviços de inteligência paquistaneses à Associated Press, é negado por porta-vozes dos dois países.

A BBC também recebeu versão semelhante sobre a tentativa de travessia da fronteira, ocorrida pouco depois da meia-noite de ontem em Alwara Mandi, Província do Waziristão do Norte. A emissora descreve o fato como verdadeiro.

"Tal incidente não ocorreu", disse o porta-voz do Pentágono, coronel Gary Keck. Em Islamabad o Ministério da Defesa disse desconhecer o episódio.

No último dia 15, informantes paquistaneses haviam relatado incidente semelhante, com a agravante de militares paquistaneses terem atirado contra as aeronaves invasoras para dissuadi-las de aterrissar.

A única travessia da fronteira confirmada pelos dois lados foi a do último dia 3, quando soldados americanos aterrissaram e abriram fogo contra um grupo de domicílios suspeito de abrigar dirigentes da Al Qaeda. O governo de Islamabad qualificou o episódio de "invasão" e desrespeito a sua soberania.

Desde então, o porta-voz do Exército paquistanês, general Athar Abbas, disse que seus homens tinham ordens para atirar contra aeronaves invasoras americanas, e o presidente Asif Ali Zardari afirmou que reagiria pela força contra a violação de seu espaço territorial.

Segundo o "New York Times", em julho, o presidente George W. Bush permitiu incursões aos santuários terroristas no Paquistão, sem a autorização das autoridades locais.

Atentado ao Marriott

Um grupo radical islâmico desconhecido assumiu ontem o atentado de um caminhão-bomba contra o hotel Marriott, em Islamabad, que oficialmente matou sábado 57 pessoas.

Em mensagem à TV Al Arabiya, os Fedains do Islã disseram ser os responsáveis. Contato semelhante foi feito pelo mesmo grupo com a BBC, em Islamabad. Os supostos terroristas disseram que a explosão do hotel havia sido uma resposta aos mísseis americanos lançados contra suas bases.

Acredita-se que o grupo seja composto por paquistaneses egressos de uma outra organização clandestina, a Jaish Mohammad, responsável pelo seqüestro e morte do jornalista americano Daniel Pearl e pelo atentado fracassado de 2003 contra o então ditador paquistanês, Pervez Musharraf.

Segundo a BBC, o grupo tem vínculos com o Taleban paquistanês, aliança chefiada por Baitullah Mehsud, acusado de mandante do atentado que em dezembro matou a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto.

Jantar abortado

Um alto funcionário do Ministério do Interior, Rehman Malik, disse que o presidente Zardari e o primeiro-ministro Yousuf Raza Gilani iriam jantar no Marriott no momento do atentado, mas cancelaram o plano de última hora.

Segundo a France Presse, no entanto, não havia nenhuma reserva em nome de autoridades oficiais. Esse desmentido foi dado por Jamil Jawar, porta-voz do proprietário paquistanês da franquia do Marriott, Sadruddin Hashwani.

O Itamaraty divulgou ontem nota em que repudia o ato de violência e faz votos de que "o Paquistão possa trilhar o caminho da paz e da estabilidade".

Com agências internacionais

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