Paquistão atira em helicópteros dos EUA

Duas aeronaves vindas do Afeganistão cruzaram a fronteira; porta-vozes americanos e paquistaneses negam incidente

Episódio ocorre após vir à tona ordem de Bush que permite ação antiterror dos EUA dentro do país aliado sem consulta a Islamabad



DA REDAÇÃO

Moradores da região tribal paquistanesa do Waziristão do Sul disseram que dois helicópteros militares dos Estados Unidos, vindos do Afeganistão, tentaram aterrissar na aldeia de Angor Adda, mas foram rechaçados pelo Paquistão.

O incidente, negado por porta-vozes americanos e paquistaneses, foi relatado em detalhes às agências Reuters e Associated Press por habitantes de Angor Adda e por um informante militar da região.

Os dois helicópteros, disseram as testemunhas, eram do modelo CH-47 Chinook e atravessaram a fronteira entre 0h30 e 1h, horário local. Desceram até uma altura de 150 metros, quando soldados paquistaneses de um posto de controle chamado BP-27 passaram a atirar com armas leves na direção das aeronaves.

Diante da confusão criada, civis ou mesmo combatentes do Taleban ou da Al Qaeda, que têm suas bases na região, também começaram a atirar. Os dois helicópteros então ganharam altura e atravessaram novamente a fronteira, na direção de suas bases no Afeganistão.

Mohammed Noor, morador de Angor Adda, disse ter ouvido a aproximação dos helicópteros e em seguida os disparos por militares em terra que os dissuadiram de aterrissar.

O almirante Gregory Smith, porta-voz do comando central das forças estacionadas em solo afegão, afirmou que nenhum helicóptero americano se envolveu em incidentes. Do lado paquistanês, o major Murad Khan, falando em nome das Forças Armadas, disse não ter ocorrido "nenhuma violação de fronteira" e negou que seus homens tenham aberto fogo contra aeronaves dos EUA.

Antecedentes

Naquela mesma região, em setembro, soldados americanos chegaram a bordo de dois helicópteros e, já em terra, dispararam contra um grupo de moradias supostamente utilizadas por extremistas islâmicos. Morreram 15 civis, entre eles mulheres e crianças. Na época, o governo do Paquistão protestou contra a violação do espaço aéreo e prometeu retaliar em caso de reincidência.

É altamente provável que os incidentes da madrugada de ontem tenham realmente ocorrido, embora Washington e Islamabad prefiram pôr panos quentes para não criarem uma nova crise bilateral.

Os EUA tinham o Paquistão como um parceiro preferencial na guerra ao terrorismo, mas as relações entre os dois países azedaram depois que o ditador Pervez Musharraf deixou em outubro último de comandar os militares, renunciando no mês passado à Presidência para evitar o impeachment.

Há dias o "New York Times" relatou que o presidente George W. Bush deu ordens para que suas forças estacionadas no Afeganistão atravessassem a fronteira paquistanesa para bombardear santuários do Taleban e da Al Qaeda, sem precisar pedir autorização ou comunicar Islamabad.

A Casa Branca e o Pentágono acreditam que o governo paquistanês não tenha usado o necessário rigor para combater os extremistas e não se empenhe em capturar Osama bin Laden, responsável pelos atentados do 11 de Setembro.
Com agências internacionais

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