Israel rejeita trégua e Hamas se prepara para combate terrestre



Os militantes do movimento islâmico radical Hamas se preparam para o combate terrestre com as tropas israelenses após a recusa de Israel de aceitar a proposta francesa de uma trégua temporária de 48 horas. Nesta quarta-feira, o Hamas lançou diversos foguetes contra o território israelense em resposta ao quinto dia consecutivo de bombardeios das forças de defesa de Tel Aviv, que já deixaram ao menos 380 mortos e 1.700 feridos.

Os militantes do Hamas ficaram de vigília durante toda a madrugada desta quarta-feira. Alguns deles, relata a agência de notícias Reuters, aguardavam atentos ao lado de um aparelho conectado a fios que corriam para debaixo do solo.

"O que você vê são pequenas surpresas, mas o que espera [os israelenses] está além da imaginação deles", disse Abu Sakher, comandante de um batalhão do Hamas, fazendo uma ronda pelos pontos militares na fronteira da faixa de Gaza, à espera de um ataque terrestre iminente de Israel.

Sakher não disse o que os fios ligavam, mas parecia um detonador de uma mina terrestre para ser usada contra os tanques e infantaria israelense. "Não apenas há surpresas escondidas, mas também homens, e se os sionistas entrarem, eles serão encontrados onde nunca esperam para serem confrontados", disse Sakher.

O braço armado do Hamas tem aproximadamente 25 mil homens, alguns deles membros de uma unidade de engenharia de bombas e especialistas em construção dos foguetes artesanais Qassam.

Os oficiais do Hamas, que tomou o controle da faixa de Gaza em 2007, das forças do Fatah, dizem que a grande ofensiva israelense não conseguiu enfraquecer o grupo, apesar da morte de cerca de 200 de seus membros, incluindo alguns importantes comandantes.

Desde sábado (27), Israel comanda a operação militar aérea na faixa de Gaza contra o Hamas, com bombardeios que atingiram diversos pontos da região habitada por palestinos.

Segundo Israel, a ofensiva é uma resposta à violação -- e lançamento de foguetes -- do Hamas da trégua e seis meses assinada com Israel e que acabou oficialmente no último dia 19. Trata-se da pior ofensiva realizada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Foguetes e bombardeios

Negando a possibilidade de uma trégua, o Hamas mantém o constante lançamento de foguetes contra o território israelense e atingiu, nesta quarta-feira, a cidade de Beersheba, 40 km da faixa de Gaza.

Um dos quatro foguetes lançados na região atingiu uma escola, que estava vazia, já que as autoridades cancelaram as aulas depois que foguetes atingiram a cidade na noite desta terça-feira (30).

Já os aviões israelenses lançaram dois ataques na faixa de Gaza no começo da manhã desta quarta-feira, atingindo túneis de contrabando de mercadorias na fronteira entre Gaza e o Egito e prédios do governo de Hamas, na cidade de Gaza, segundo um porta-voz militar.

A Força Aérea israelense também destruiu instalações do Ministério do Interior, como ontem fez com as de ministros, secretários de Estado e altos cargos de Finanças, Assuntos Exteriores, Trabalho e Moradia.

"Estes escritórios do governo do Hamas, situadas na Cidade de Gaza, são considerados alvos estratégicos", diz o Exército.

Segundo médicos palestinos, um paramédico morreu nos ataques. Contudo, o saldo da ofensiva já chega a 380 mortos e 1.700 feridos. Segundo uma agência da ONU (Organização das Nações Unidas), ao menos 25% das vítimas são civis.

Trégua

Os novos confrontos acontecem no mesmo dia em que os líderes israelenses se reúnem para discutir proposta de trégua com o Hamas. Israel rejeitou a proposta francesa de um cessar-fogo temporário de 48 horas.

"A iniciativa (francesa) pode se considerar rejeitada oficialmente", declarou um porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores de Israel, Andy David.

Segundo David, uma interrupção momentânea das hostilidades "permitiria ao Hamas se preparar melhor para o combate e o lançamento de foguetes" contra o sul de Israel, o que faz com que não caiba uma parada na operação. "Não seria apropriado. Não se pode confiar no Hamas", declarou o porta-voz.

Segundo um porta-voz do premiê israelense, Ehud Olmert, a proposta não é realista porque não tem garantias explícitas de quer o Hamas interromperá os ataques com foguetes e será proibido de contrabandear armas.

"Uma solução band-aid que não é nem sustentável nem real nos levará de volta para onde estamos hoje em um dia ou dois. Precisamos agir para uma solução real", disse Mark Regev, porta-voz de Olmert.

Os oficiais israelenses reiteraram ainda que os ataques aéreos são apenas a primeira parte da grande ofensiva militar. "Não há intenção de interromper a atividade militar e uma operação terrestre ainda está na mesa", disse membro do gabinete de segurança, Meir Sheetrit.

Com agências internacionais

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