Palestinos fazem buracos em muro e fogem para o Egito





Centenas de palestinos, estimados em cerca de 500 pela agência Efe, conseguiram fugir para o Egito ao realizar buracos no muro que divide o país da região da faixa de Gaza. A agência France Presse relatou que apenas dez pessoas conseguiram passar a fronteira e a Associated Press informou que reforços egípcios estão a caminho do local.

Os moradores da área palestina sofrem com os bombardeios israelenses iniciados neste sábado contra alvos do grupo radical islâmico Hamas. Em um hospital em Gaza, um correspondente da BBC enviou o relato dos feridos e mortos em decorrência da ação militar.

Hoje, no segundo dia de bombardeios à região, Israel convocou reservistas, aumentando as expectativas de que ocorra em breve uma incursão militar terrestre. O número de mortos pela ofensiva israelense diverge, a Associated Press afirma que é acima de 280, enquanto a Reuters estima em 290.

A polícia egípcia teve de atirar para o alto para tentar dispersar palestinos que tentavam cruzar a fronteira entre a faixa de Gaza e o Egito ao norte da passagem de Rafah. Dez palestinos teriam conseguido furar a barreira e passar para o país vizinho à região.

Reforços egípcios, que a Associated Press colocou em cerca de 300 homens, foram enviados à região. Alguns palestinos relataram que pessoas chegaram a ser feridas pelos tiros.

Livni

A ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, defendeu neste domingo o ataque à faixa de Gaza, afirmando que o grupo radical islâmico Hamas, e não Israel "é quem deve ser condenado pela comunidade internacional", segundo o jornal nova-iorquino "The New York Times".

O Hamas, alvo dos ataques israelenses contra Gaza, controla a região desde o meio de 2007, quando em um conflito entre palestinos, ele tomou o poder na região. A Autoridade Palestina Nacional (ANP), que foi retirada do poder pelo Hamas, acabou realocando seu pessoal na Cisjordânia.

Livni ainda afirmou que o ataque era necessário para levar paz aos cidadãos do sul de Israel. As declarações da ministra surgem em um momento no qual Israel enfrenta uma onda de protestos pelo mundo contra os ataques. Hoje, protestos no Reino Unido, Espanha, Chile e diversos países do Oriente Médio, expressaram rejeição popular em relação à medida militar.

Diversos países, como o Brasil, criticaram a proporção da resposta israelense e que foi amplamente criticada.

O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, também afirmou hoje que a responsabilidade da situação atual vivida em Gaza é do grupo radical Hamas. "Nós conversamos com ele e pedimos: por favor, não comecem com os ataques, nós queremos a continuidade da trégua. Nós poderíamos ter evitado isso se eles tivessem aceitado", disse Abbas.

O grupo radical acusa Israel de ter violado o acordo de cessar-fogo estipulado em junho deste ano e que expirou no dia 19 de dezembro.

Túneis

A Força Aérea de Israel informou que executou hoje uma série de ataques contra túneis de contrabando no setor de Rafah, na fronteira entre a faixa de Gaza e Egito.

Os aviões israelenses abriram fogo ao longo da fronteira com o Egito, de onde era possível observar espessas nuvens de fumaça.

O grupo radical palestino Hamas e os contrabandistas utilizam uma rede de túneis sob a fronteira palestino-egípcia em Rafah para introduzir armas e mercadorias na faixa de Gaza submetida a um bloqueio israelense desde que o grupo radical tomou o poder na região.

O governo de Israel começou na tarde de hoje a concentrar tanques e tropas para a fronteira. No lado norte, perto da passagem de Erez, estavam estacionados pelo menos 16 tanques, enquanto outros se aproximavam, transportados sobre caminhões militares. Vários veículos de transporte de tropas também estavam estacionados na área.

Mais ao sul, a 50 km de distância, eram descarregados 10 tanques. Além disso, foram instaladas barracas do Exército israelense na região, à qual chegavam soldados com equipamentos de combate.

O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, disse que o Exército "aprofundará e ampliará sua operação conforme necessário, pois o objetivo da operação é mudar completamente as regras do jogo".

Hamas

Khaled Meshaal, líder do grupo radical islâmico Hamas, convocou os seguidores para realizar uma nova Intifada (revolta popular palestina contra a ocupação israelense, ocorrida entre 1987 e 1993 e no final de 2000) contra Israel em resposta aos bombardeios.

De acordo com o jornal israelense "Haaretz", três oficiais sêniores do Hamas foram mortos nos ataques. "Tawfik Jabber, comandante da força policial em Gaza, o seu ajudante, comandante da Defesa e Segurança, Ismail al Ja'abri, e o governantes da central do Hamas, em Gaza, Abu Ahmad Ashur", informa o jornal.

Hoje, os palestinos prometeram começar a retaliação. "Os ocupantes israelenses devem saber que serão recebidos a fogo pelas nossas organizações militares", disse Iz al Din, Brigadas de Ezzedin al Qassam, braço armado do Hamas.

Associated Press, Efe, France Presse, Reuters, "Haaretz" e "The New York Times"

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