Unasul aprova criação de Conselho de Defesa

Cúpula entre vizinhos na Bahia é marcada por impasses e pouco avanço



José Pacheco Maia Filho, SALVADOR

A União de Nações Sul-Americanas (Unasul) aprovou ontem a criação do Conselho de Defesa Sul-Americano, que será composto pelos ministros da área da Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Chile, Guiana, Suriname e Venezuela. O objetivo do conselho é incentivar a cooperação militar entre as nações da região e integrar as bases industriais de defesa, além de resolver problemas entre os países membros.

Ao abrir a 36ª Cúpula do Mercosul, ontem, na Costa de Sauípe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um discurso em que destacou a integração regional e pontos para enfrentar a crise mundial, assinalou a vontade de continuar trabalhando pelo fim do impasse com o Paraguai quanto à Tarifa Externa Comum (TEC). A resistência paraguaia à eliminação da TEC frustrou a expectativa da solução de um problema que prejudica a atuação do bloco nas negociações comerciais com o resto do mundo. A proposta de implantação de um imposto único faria com que a TEC fosse paga pelo produto exportado de fora do Mercosul apenas no país de entrada, tendo trânsito livre entre os membros do bloco.

Durante seu pronunciamento, Lula disse ainda que a voz do Mercosul começou a ser ouvida em âmbito internacional, principalmente devido às medidas adotadas por países do bloco, como o Brasil, para conter os avanços da crise global.

– Estamos implementando ações que visam a preservar o emprego e renda dos trabalhadores. Por isso, vamos continuar priorizando a execução de programas sociais e incentivando a produtividade e competitividade.

Na reunião, o presidente equatoriano Rafael Correa propôs a criação de uma moeda regional para transações comerciais entre os países do Mercosul:

– Deixando de utilizar o dólar nas nossas transações comerciais, e passando a utilizar uma moeda regional, estaríamos melhor preparados para enfrentar crises como essa, ficaríamos menos vulneráveis.

Presente no encontro, o presidente de Cuba, Raúl Castro, classificou a crise econômica atual como injusta, egoísta, além de representar interesses de corporações internacionais. Defendeu a integração econômica e a defesa do espaço regional como importantes ferramentas para o enfrentamento dos "grandes obstáculos que a crise criou", e apontou como prioridades investimentos em programas sociais e de infra-estrutura.

O venezuelano Hugo Chávez classificou a presença de Cuba como a representação da união continental:

– Estamos armando um bom time, como aquele em que jogava Pelé, como se chama? O Santos.

Além da Cúpula do Mercosul, foi concluída ontem a da Unasul, em que se decidiu criar os conselhos sul-americanos de segurança e saúde, que vai elaborar programas conjuntos financiados pelos governos. Os chefes de Estado aprovaram também o relatório independente feito sobre o conflito na região de Pando, na Bolívia, entre apoiadores e opositores do governo Evo Morales, que determina que o governador de Pando promoveu um genocídio.

– Superaremos o desafio da cooperação e do desenvolvimento – anunciou Lula.

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