Chefe da Inteligência dos EUA acusa China de "agressividade"

Dennis Blair fala ao Senado um dia após troca de acusações sobre presença de navio militar americano no mar do Sul da China

Para especialistas chineses, Pequim quer controle sobre zona econômica exclusiva; Washington
não ratificou Convenção do Mar da ONU



DA REDAÇÃO

O diretor nacional de Inteligência dos EUA, Dennis Blair, acusou ontem a China de adotar uma posição "militarmente mais agressiva" em águas próximas ao seu território.

"Acho que ainda está em debate na China se, à medida que seu poderio militar aumenta, eles o usarão para o bem ou para pressionar os outros", disse Blair em audiência na Comissão de Serviços Armados do Senado americano.

A audiência ocorreu um dia depois da troca de acusações entre Washington e Pequim sobre a presença de um navio da Marinha americana, o USS Impeccable, no mar do Sul da China. O navio estava em águas internacionais, mas dentro das 200 milhas (320 km) da zona econômica exclusiva chinesa.

Na versão do Departamento da Defesa dos EUA, o navio, equipado com sonar, foi ameaçado por embarcações de patrulha chinesas perto de Hainan - base estratégica para a China. O relato do Pentágono diz que os chineses chegaram a oito metros do Impeccable, para forçá-lo a sair da área.

Em resposta a Washington, que acusou a China de não respeitar as leis marítimas internacionais, Pequim afirmou que os Estados Unidos é que violaram a legislação internacional e sugeriu que o USS Impeccable estava em atividade de espionagem - o sonar do navio é usado para rastrear a presença de submarinos americanos e de outros países.

De acordo com a Convenção da ONU para o Mar, atividades de navios estrangeiros dentro da zona econômica exclusiva de 200 milhas são ilegais se houver pesquisa ou coleta de recursos naturais.

Mas Shen Dingli, diretor do Centro de Estudos Americanos da Universidade Fudan, em Xangai, disse que a China quer exercer maior controle sobre sua área, além dos interesses econômicos.

"A China considera que a lei internacional permite apenas a passagem de navios militares na zona, mas não atividades que possam ter objetivos militares", disse o analista.

Confrontação

Guan Jianqiang, especialista em direito internacional da Universidade de Política e Direito do Leste da China, também em Xangai, disse que Pequim tem pelo menos 200 registros de navios americanos coletando informações no mar do Sul da China, mas até agora vinha evitando confrontá-los.

A doutrina de navegação dos EUA, único país a ter bases militares em todo o planeta, reza que seus navios devem ter direito livre de passagem em águas internacionais, se não violarem direitos econômicos do país próximo. Washington nunca ratificou a Convenção da ONU para o Mar.

Na audiência do Senado, Dennis Blair classificou o incidente como o pior entre os dois países desde 2001, quando um avião-espião americano foi obrigado a pousar em Hainan depois de colidir no ar com um caça chinês.

Os EUA têm lançado seguidos alertas sobre os gastos militares da China, embora eles sejam bastante inferiores aos seus. O orçamento das Forças Armadas chinesas para este ano é de US$ 70 bilhões, 1,4% do PIB. O orçamento militar americano é de US$ 515 bilhões, ou 4% do PIB.

Os EUA mantêm pactos de defesa e bases militares em vários países da Ásia, como Japão e Coreia do Sul.

Com agências internacionais e "Financial Times"

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