Comandante da Otan nega retirada rápida e elogia plano dos EUA para Afeganistão


em Bruxelas

O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jaap de Hoop Scheffer, elogiou o "realista" plano dos Estados Unidos para a "guerra ao terror" no Afeganistão e afirmou que as forças internacionais não devem prever sua retirada do país no futuro próximo.

A violência no Afeganistão atingiu seu pior nível nos últimos oito anos da invasão liderada pelos EUA, que expulsou o grupo radical islâmico Taleban do governo.

"Em minha opinião, será preciso permanecer no Afeganistão pelo futuro previsível", disse Scheffer a jornalistas em Bruxelas, comentando que até agora tem visto "reações positivas" à nova estratégia anunciada pelo presidente Barack Obama na semana passada.

Obama ampliou a "guerra ao terror" para o Paquistão, prometeu enviar 4.000 soldados adicionais e triplicar a ajuda, para US$ 1,5 bilhão anual, para Islamabad. Ele não fixou um cronograma para seu plano de guerra, mas afirmou que o objetivo central é destruir a rede terrorista Al Qaeda.

Scheffer saudou a decisão de concentrar-se em derrotar os militantes da Al Qaeda, em lugar do plano mais ambicioso da administração Bush de construir a democracia no Afeganistão. "Acho que o plano de Obama é realista quanto ao que pode ser realizado", disse Scheffer. "Ou seja, não poderemos converter o Afeganistão numa Suíça em poucos anos."

Ele disse ainda que pedirá, com o apoio da ONU (Organização das Nações Unidas), recursos adicionais para treinar as forças de segurança afegãs -- um valor estimado em US$ 2 bilhões para um ano.

"US$ 2 bilhões é muito dinheiro, mas apenas se você pensar no valor isoladamente", disse ele, citando um "cálculo muito informal" de que a guerra estaria custando à Otan e seus aliados cerca de US$ 42 bilhões por ano.

"E não estou contando as perdas imensuráveis de vidas de nossos soldados", disse ele, referindo-se aos mais de 1.100 militares estrangeiros mortos no Afeganistão, desde 2001.

Em uma cúpula da Otan na fronteira entre França e Alemanha, prevista para começar na próxima sexta-feira (3), Obama vai consultar seus aliados sobre um plano para enviar os 4.000 soldados americanos para treinar forças afegãs, além do reforço previamente anunciado de 17 mil soldados americanos adicionais para reforçar o esforço de guerra.

Com isso o total de forças americanas no Afeganistão chegará a 55 mil, ante 32 mil de todos os outros membros da Otan e outros países envolvidos nas operações militares. Esse fato vem levando alguns analistas a dizer que a Otan pode ser cada vez mais relegada ao segundo plano.

Scheffer disse que não se deve permitir que isso aconteça e exortou o pacto militar de 26 membros a exercer um papel pleno no esforço no Afeganistão.

"Esta não é uma guerra do presidente Obama, no sentido da Otan. Os aliados precisam fazer sua parte. Eu não quero ver uma missão que está fora de equilíbrio", completou.

Scheffer afirmou ainda que as capitais europeias enfrentarão outros pedidos de colaboração, como por exemplo na reconstrução de nossos esforços civis.

"Os aliados da Otan não podem fazer frente aos números [de tropas] concedidos pelos EUA. Esta não é a discussão", disse. "Presidente Obama disse que se você não pode colaborar militarmente, colabore com o lado civil."

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