O incidente Atlantique

Poder Aéreo

Em 10 de agosto de 1999, às 10:51h IST, um radar da Força Aérea Indiana (IAF) detectou um avião dentro da região Sind do Paquistão, perto de Badin, aproximando-se da fronteira internacional (IB) Indo-Paquistanesa, no rumo sudeste.

O alvo estava em movimento numa velocidade de 370km/h, mantendo uma altitude de 3.000-3.500 pés. Ele tocou a primeira fronteira internacional (no ponto 68 graus e 48 minutos Leste, 24 graus e 18 minutos Norte) às 10:54h.

Durante os 17-18 minutos seguintes, efetuou uma série de manobras sobre esta área. (Neste processo, o alvo permaneceu dentro ou perto de 10 km da fronteira.)

O acordo aéreo entre a Índia e o Paquistão de 1991 exige que todas as aeronaves (exceto helicópteros) dos dois países precisam manter uma distância mínima de 10 km da fronteira, mas em duas ocasiões, o Atlantique do Paquistão realmente violou o espaço aéreo indiano em dois pontos.

Quando o alvo cruzou a fronteira internacional pela primeira vez às 10:57h, dois caças MiG-21 que estavam em alerta foram acionados, decolando às 10:59h.

O controlador aéreo no solo vetorou os caças na proa norte, para levá-los até a área geral em torno das 11:10h (ver mapa). Às 11:12h, o bandido (alvo não-identificado) procedeu inicialmente para o oeste, depois virando para o sul, até a fronteira (no ponto 68º 32 min Leste, 23º 58 min Norte), depois curavando para o oeste. Neste momento, os MiG-21 da IAF também foram direcionados para o sul pelo controlador de radar, mantendo-se a par do inimigo e do lado indiano da fronteira.

O bandido virou-se novamente para o sul e entrou no espaço aéreo indiano pela terceira vez às 11:14h e penetrou 10km dentro do território indiano, antes de curvar para o oeste. Neste momento, o controlador de radar vetorou os MiG-21 de modo a colocar o avião líder pilotado pelo líder de esquadrão P.K. Bundela, entre a fronteira e o intruso (para impedir que ele escapasse), enquanto o ala S. Narayanan acelerava para ficar bem atrás do bandido, do outro lado, num movimento em pinça.

A interceptação

O líder Bundela fez contato radar com o bandido entre 10 e 15km de distância. Ambos os MiG-21 obtiveram contato visual com o intruso e o identificaram como uma aeronave de patrulha marítima Atlantique, da Marinha do Paquistão.

Bundela chegou a 300m do Atlantique, pela esquerda, com a intenção de escoltá-lo e sinalizar visualmente ao seu piloto e, se possível, comunicar-se pelo rádio para dirigí-lo à base aérea indiana mais próxima.

Naquele momento, os interceptadores já tinham identificado o tipo de aeronave, bem como suas marcações. Enquanto o comandante Bundela se posicionava, o Atlantique fez uma curva em sua direção, numa agressiva tentativa de evasão. A manobra foi considerada um ato hostil.

Pelas normas internacionais, o Atlantique deveria manter seu curso e altitude e baixado seu trem de pouso, como um sinal de submissão às regras de engajamento.

O Atlantique já tinha sido declarado hostil depois de identificado, como mandam os procedimentos. E uma aeronave hostil não tem a opção de retornar para casa. Ele só tem duas opções: seguir as instruções para pousar numa base indicada ou ser derrubado.

Quando o intruso jogou sua aeronave para cima do líder Bundela numa tentativa de avariá-lo e fugir em direção ao seu espaço aéreo, o controlador de radar deu ao líder Bundela a permissão para manobrar seu caça e disparar um míssil a fim de impedí-lo de escapar.

Assim que foi liberado pelo controle do solo para o fogo, Bundela disparou um míssil ar-ar R-60 guiado por calor (IR). O míssil acertou o Atlantique no motor esquerdo, que imediatamente pegou fogo e começou a soltar fumaça.  Isto aconteceu às 11:17h aproximadamente, quando o Atlantique estava a 5km ao sul da fronteira, do lado indiano.

Os interceptadores receberam a ordem de curvar imediatamento para a direita a fim de garantir que eles permanecessem sobre o território indiano. O Atlantique continuou sendo acompanhado pelos radares indianos depois de ter sido atingido. Ele entrou numa espiral para a esquerda, queimando e soltando partes. No processo, ele descreveu um arco de 5km dentro do território paquistanês, até sumir dos radares indianos.

O comportamento do intruso, enquanto operou deliberadamente por 18 minutos na parte inicial da sortida, confirma que ele não estava perdido nem violou a fronteira inadvertidamente. A possibilidade de que estava numa missão de treinamento também pode ser excluída, por causa do perfil de voo.

O fato relevante é que o Atlantique da Marinha do Paquistão era uma aeronave militar classificada como hostil, que deliberadamente violou o espaço aéreo indiano numa missão operacional.
Nessa situação, as regras de engajamento ditam o abate da aeronave depois da liberação do controle radar.

Quando o interceptador da IAF aproximou-se do Atlantique, mostrando sua intenção de emparelhar a fim de comunicar-se com ele, o intruso não respondeu e ainda agiu de forma hostil, curvando agressivamente para cima do interceptador. Não havia alternativa a não ser derrubar o intruso para evitar que ele fugisse depois de ser pego operando ilegalmente dentro de território indiano.

Numa análise final, a IAF agiu de forma profissional como mandam as regras de engajamento, dando uma chance de sobrevivência ao invasor, que foi rejeitada.
A IAF continua a manter seu alto estado de vigilância e está confiante que qualquer invasão futura, será tratada da mesma maneira firme.

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