País terá em março novo sistema de controle aéreo

Projeto, batizado pela FAB de Sagitário, está sendo desenvolvido em Curitiba para aumentar segurança de voo

Leila Suwwan Enviada especial - O Globo

CURITIBA. Há dois anos, a Força Aérea Brasileira está desenvolvendo sigilosamente um novo sistema de controle de tráfego aéreo, aperfeiçoando o antigo, criticado por controladores aéreos após a colisão no ar entre o jato Legacy e o Boeing da Gol, em setembro de 2006. A nova plataforma de visualização, batizada de Sagitário, começa a funcionar em março de 2010 no Cindacta2 (Curitiba) e será implantada em todo o país até 2012.

O software traz novos alertas de segurança para situações de risco, como conflito de rotas e perda do sinal do transponder do avião. O custo inicial de desenvolvimento do Sagitário foi de R$ 6,9 milhões. Outros R$ 14 milhões serão pagos pela instalação, pelo treinamento da equipe e pela garantia do produto.

O Sagitário deve coroar a recuperação da Aeronáutica depois da crise aérea, quando controladores se rebelaram e deficiências no setor foram reveladas.

Três anos depois do motim de sargentos, o sistema será inaugurado pelo brigadeiro Carlos Vuyk de Aquino, que era o comandante do Cindacta-1 (de Brasília) no auge da crise.

— Os níveis de alerta desse software são mais avançados.

As recomendações de segurança aérea estão sendo implementadas — garantiu Aquino, hoje presidente da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (Ciscea).

O GLOBO visitou o Cindacta3, onde a sala de controle é subterrânea, localizada num bunker a 20 metros de profundidade, construído no início dos anos 80.

O centro controla voos na região Sul e partes do Sudeste e CentroOeste. O centro de controle de área já está dividido em dois: o X-4000 (o modelo atual) e Sagitário funcionam lado a lado durante os testes. Em outra sala, turmas de controladores recém-formados são treinadas em turnos de 8 horas, durante 10 dias.

— É a tendência no mundo inteiro.

É uma garotada que cresceu no mundo interativo e se dá melhor. A ambientação é rápida, eles têm experiência com esse ambiente — explicou o comandante do centro, coronel Leônidas de Araújo Medeiros Júnior.

O país tem uma média diária de 4 mil voos, e o crescimento anual está projetado em 8% a 10%.
 
O aumento depende de infraestrutura aeroportuária e regulação das empresas, responsabilidades de Infraero e Anac.

Modelo aumenta alertas de erros na rota dos aviões

"Na versão final, em 2011, gravação será digital e automática"

CURITIBA. A empresa contratada para desenvolver o novo sistema, a Atech Tecnologias Críticas, usou como base licenças concedidas pela Eurocontrol (agência de segurança aérea da Europa), e pretende exportar o pacote a países vizinhos. De acordo com Delfim Miyamaru, diretor da Atech, o novo sistema está pronto para a nova geração de controle aéreo, de comunicações por satélite. Esse modelo de troca de informações entre pilotos e controladores dispensa o rastreamento por radares e o contato por rádio.

O Sagitário (Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios de Interesse Operacional) foi desenhado para reduzir o cansaço, aumentar os alertas e facilitar o trabalho. Cores e contrastes foram mudados para reduzir a fadiga visual. Os planos de voo estarão disponíveis na tela, o que permitirá eliminar as strips, pequenos pedaços de papel que continham esses dados.

E apresentará alertas para possíveis conflitos de rota.

Duas novidades aplacam polêmicas a respeito do funcionamento do atual sistema, o X4000, por ocasião do acidente com o voo 1907 da Gol: um alerta em janela vermelha avisará quando o controle aéreo para de receber o sinal do transponder do avião. Esse equipamento troca informações com os radares, permitindo a verificação exata de altitude das aeronaves. O Legacy estava com transponder inoperante. Haverá aviso de mudanças de altitude. O Legacy, sem contato com controladores, não mudou sua altitude conforme constava no plano de vôo.

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