Relatos detalham ações da cúpula da Al-Qaeda após 11/9

*Peter Finn - O Estado de S.Paulo
 
Em 11 de setembro de 2011, o núcleo da Al-Qaeda estava concentrado em uma só cidade: Karachi, no Paquistão. Em um hospital, o arquiteto do ataque ao navio americano USS Cole, em 2000, repousava após uma cirurgia nas amígdalas. Perto dali, o homem que organizaria os atentados em Bali, em 2002, tentava montar um laboratório de armas biológicas. E, em um esconderijo, o militante que se descreveria como o "mentor" dos ataques de 11 de Setembro e outros integrantes da cúpula da Al-Qaeda assistiam pela TV as cenas de Nova York e Washington. No dia seguinte, a maior parte do núcleo da rede de Osama bin Laden tomaria o caminho de volta ao Afeganistão, preparando-se para uma longa guerra.

 
Novos documentos revelados pelo WikiLeaks dão detalhes sobre onde estavam e para onde rumaram os líderes da Al-Qaeda quando as torres do World Trade Center foram ao chão. As revelações trazem ainda novas informações sobre Bin Laden e seu número 2, o egípcio Ayman al-Zawahiri.

 
Quatro dias após o 11 de Setembro, Bin Laden visitou uma casa na província afegã de Kandahar, onde ordenou que um grupo de combatentes árabes "defendesse o Afeganistão contra os invasores infiéis". Era o início de um périplo de três meses do líder da Al-Qaeda e de Zawahiri pelo território afegão. Viajando de carro, Bin Laden deu ordens a integrantes de sua organização para novos ataques, reuniu-se com líderes do Taleban e passou o comando da Al-Qaeda a uma shura (conselho islâmico) - provavelmente porque temia ser morto ou preso pelos EUA.

 
Em novembro, ele buscou abrigo na hoje célebre região de Tora Bora, de onde teria fugido em dezembro. À época, Bin Laden estaria em más condições financeiras e pediu US$ 7 mil emprestados de um de seus seguranças. Segundo o relato de um integrante da Al-Qaeda levado à prisão de Guantánamo, os militantes "recebiam injeções para promover a impotência", evitando a distração com mulheres para poder "dedicar mais tempo à jihad".

 
*É REPÓRTER DO "WASHINGTON POST"

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