Embraer prepara propostas para concorrência nos EUA

Por Ivo Ribeiro | Valor
De São Paulo

 
A Embraer, fabricante brasileira de aviões, já está pronta para disputar a concorrência reaberta pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para compra de aviões militares. Nesta segunda-feira, dia 4, a empresa vai entregar a documentação relativa à fase "past performance" (experiência da aeronave) e no próximo dia 18 a proposta comercial final. A informação foi passada ao Valor por Frederico Curado, presidente da companhia.

 
A fabricante brasileira participa da disputa com o Super Tucano. Em consórcio com a americana Sierra Nevada venceu a concorrência no ano passado, mas o processo foi suspenso neste ano. O avião concorrente ao da Embraer é o AT6, fabricado pela americana Hawker Beechcraft.

 
De acordo com Curado, que se mostra otimista, o resultado da licitação, conduzida pela Força Aérea americana (Usaf), só será conhecido em janeiro de 2013. Ele não soube explicar o porquê da data, mas fontes do setor apontam o processo eleitoral de escolha do novo presidente americano como a provável razão.

 
Segundo Curado, uma das alterações no processo traz um pouco de preocupação à Embraer - a que eliminou a comparação em voo dos aviões. Mas a empresa teve uma compensação, diz, com a segunda, que trata da comprovação de performance anterior do avião (past performance). "O Super Tucano é um avião bem superior ao da Hawker no tipo de missão que é definido na licitação".

 
A concorrência envolve a compra de aviões de ataque leve, voltados para missões de contrainsurgência. "Enquanto o Super Tucano já tem uma longa experiência em combate em vários países, o deles é uma aeronave de treinamento que está sendo adaptada", disse. "A performance dela será inferior".

 
O Super Tucano tem 182 encomendas, das quais 158 já entregues. O avião está presente, além do Brasil, na Colômbia, Chile, Equador, Indonésia e República Dominicana. Há uma venda a um país africano ainda não entregue.

 
Vencer a disputa nos EUA, destacou Curado, é importante porque o governo americano passa a ser um cliente da Embraer. "Hoje, já são fornecedores do Departamento de Defesa dos EUA empresas italianas, francesas...". Além disso, ganha a chancela de um cliente de peso internacional.

 
A concorrência envolve, nessa primeira etapa, um lote de 20 aviões, com valor em torno de US$ 355 milhões. A encomenda poderá chegar a 50 aeronaves, alcançando US$ 1 bilhão.

 
Sobre o cenário global da economia, Curado disse que a situação da Europa - um mercado importante para a Embraer - é preocupante. Mas ele não vê nenhum impacto no curto prazo e acredita em uma solução racional. "As consequências poderiam ser desastrosas", afirmou.

 
Para o executivo, a China ainda cresce no patamar de 8% ao ano, o Brasil entre 2,5% e 3% e a economia americana mostra reação. "Nos EUA, o pior já passou. O crescimento do PIB neste ano deverá ser de 1% a 2%", afirmou.

 
Na avaliação dele, as empresas Aéreas estão perdendo dinheiro na Europa, mas já começam a ganhar nos EUA. Ele pontuou que lá os processos de fusões de companhias contribuiram para essa nova fase, com tarifas mais elevadas.

 
Neste ano, informou Curado, a Embraer está investindo US$ 650 milhões. Desse valor, dois terços estão sendo aplicados em Pesquisa e Desenvolvimento de novos produtos, como os aviões executivos Legacy 450 e 500. O último jato começa a voar no terceiro trimestre.

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