Comunidade internacional condena atentados no Líbano

Bombas diante de duas mesquitas em diferentes bairros de Trípoli mataram mais de 40 e feriram centenas. 
Agravam-se tensões entre xiitas e sunitas libaneses, e país está cada vez mais envolvido na guerra civil da Síria.

Deutsche Welle


O atentado terrorista desta sexta-feira (23/08), no Líbano, foi um dos mais graves desde o fim da guerra civil no país, em 1990, e o segundo maior em cerca de um mês. Segundo fontes oficiais, seu saldo foi de pelo menos 42 mortos e mais de 500 feridos, além de enormes danos materiais.

Terroristas plantaram bombas diante de duas mesquitas sunitas, em diferentes bairros da cidade de Trípoli, no norte libanês. Segundo a polícia, as detonações, aparentemente coordenadas, ocorreram com pequena defasagem de tempo, no momento em que os fiéis saíam à rua, após as preces de sexta-feira.

Críticas e conselhos do Ocidente

O Conselho de Segurança das Nações Unidas, os Estados Unidos e a União Europeia condenaram severamente o ato, que permanece não reivindicado. "O terrorismo, em todas as suas formas, continua sendo uma das maiores ameaças à paz e à segurança", declarou Maria Cristina Perceval, embaixadora da Argentina na ONU e atual presidente do Conselho de Segurança.

Os EUA aconselharam calma e moderação aos protagonistas do conflito no Líbano. Eles devem evitar ações que promovam uma escalada ainda maior da violência, apelou a porta-voz adjunta do Departamento de Estado norte-americano, Marie Harf, acrescentando que seu país respalda o governo libanês em seus esforços para restabelecer a estabilidade e segurança nacional.

A UE exigiu uma investigação dos atentados terroristas. Os responsáveis precisam prestar contas de seus atos, instou um porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.

Ataques recíprocos entre sunitas e xiitas

Dez dias atrás, 24 pessoas morreram e 120 ficaram feridas na explosão de um carro-bomba, num subúrbio ao sul de Beirute. O ataque ocorreu próximo a um conjunto de edifícios ocupado pelo partido e milícia xiita Hisbolá. A rede sunita denominada Brigada de Aisha reivindicou o atentado, numa mensagem em vídeo, ameaçando novas ofensivas contra o grupo xiita.

O Hisbolá havia jurado vingança após o atentado na capital libanesa, mas assegurou nada ter a ver com as explosões nas mesquitas em Trípoli, e condenou a violência na cidade. Segundo declarou em comunicado oficial, "existe um plano visando semear discórdia entre os libaneses", e organizações sunitas teriam jurado, a partir de agora, "defender seus territórios com seus próprios meios".

Esse fora o terceiro atentado na zona sul de Beirute, controlada pelos radicais religiosos do Hisbolá. Uma explosão no início de julho feriu 53 pessoas, e em maio foram lançados dois mísseis contra a área.

Ramificações do conflito sírio

Ao que tudo indica, o Líbano vem sendo paulatinamente enredado na guerra civil da vizinha Síria. Crescem as tensões entre xiitas e sunitas, dentro da sociedade libanesa, já fragmentada pelas diferentes confissões islâmicas. Além disso, o país que ainda sofre as consequências da guerra civil de 1975-1990, abriga atualmente mais de meio milhão de refugiados da guerra civil síria.

Na Síria, a milícia radical do Hisbolá luta ao lado do chefe de Estado Bashar al-Assad, tendo lhe proporcionado as vitórias mais importantes contra os rebeldes, predominantemente sunitas. O próprio Assad é alavita, grupo religioso derivado do xiitismo.

São constantes em Trípoli os conflitos sangrentos entre os sunitas, que em sua maioria apoiam os insurgentes do país vizinho, e os alavitas, alinhados com o déspota Bashar al-Assad.


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