Maioria dos países do G20 é contra ação militar na Síria, diz Putin

FOLHA DE SP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira que a maioria dos países do G20 rejeitaram uma intervenção militar na Síria durante a cúpula do grupo, que termina hoje em São Petesburgo. A ação armada foi respaldada apenas por seis países, dentre eles Estados Unidos, Reino Unido e França.

Na semana passada, Obama disse que o regime de Bashar al-Assad usou armas químicas contra civis da periferia de Damasco, em 21 de agosto. Segundo relatório da inteligência americana, a ação deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças, o que poderia ser o pior incidente com armas químicas em 25 anos.

A França e o Reino Unido também afirmam ter informações de serviços de inteligência e análises que confirmam o uso de agentes químicos em bombardeios na região. A missão de observadores da ONU (Organização das Nações Unidas) apresentará seu informe nos próximos dias.

Em entrevista coletiva, o russo afirmou que manifestou sua discordância em relação à intervenção militar em reunião com o presidente Barack Obama nesta sexta. "Ele não concordou comigo, eu não concordei com ele, mas nós ouvimos um ao outro".

Segundo Putin, os dois ainda conversaram sobre como resolver a crise de forma pacífica. O russo considera que uma intervenção na Síria seria contraproducente e perturbaria a economia mundial, afetada pela crise financeira na zona do euro e pela desaceleração dos países emergentes.

A questão da Síria também foi o motivo de uma reunião entre o anfitrião e o primeiro-ministro britânico, David Cameron. Putin afirma que lembrou ao chefe de governo a oposição do Parlamento e da população do Reino Unido ao envolvimento no conflito entre o regime sírio e a oposição.

O presidente russo ainda anunciou que manterá a colaboração com Damasco mesmo em caso de uma intervenção militar ocidental. "Nós continuaremos a enviar armas e cooperar economicamente. Queremos também aumentar a ajuda humanitária".

RISCOS

A Rússia é um dos grandes apoiadores do regime de Bashar al-Assad e anunciou que autorizará uma ação militar no país árabe somente se a ONU conseguir provar o uso de armas químicas pelo ditador.

Nesta sexta, a Rússia advertiu os Estados Unidos sobre os riscos de atacar as instalações de armas químicas de Damasco e os resquícios de uma tentativa do regime sírio de construir uma usina nuclear. Para Moscou, isso representaria "uma virada perigosa" no conflito e a propagação do armamento por outros países.

Os russos também enviaram uma solicitação à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para que seja avaliado o impacto de um ataque a um pequeno reator nuclear sírio, que tem 1 kg de urânio enriquecido. A quantidade é pequena para fazer uma bomba atômica, mas pode afetar milhares de pessoas.

Mais cedo, a agência de notícias Interfax informou que mais um navio russo foi enviado ao mar Mediterrâneo, reforçando as defesas na região próxima à Síria. Desde que começou a pressão americana por um ataque ao regime de Bashar al-Assad, Moscou enviou pelo menos cinco embarcações de guerra à região.



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