ONU confirma interesse da Síria em convenção sobre armas químicas

BBC Brasil

A ONU confirmou nesta quinta-feira que recebeu documentos da Síria se comprometendo a aderir à Convenção sobre Armas Químicas, que proíbe a produção e o uso de tais armamentos.

De acordo com Farhan Haq, porta-voz das Nações Unidas, os documentos estão sendo traduzidos.

Aderir à convenção é a primeira das três fases previstas em uma proposta apresentada pela Rússia na segunda-feira, em uma tentativa de evitar um ataque dos Estados Unidos contra o território sírio.

A proposta determina ainda que que a Síria revele onde suas armas químicas estão guardadas e divulgue detalhes de seu programa, além de prever que especialistas decidam sobre as medidas específicas a serem tomadas em relação a essas armas.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que a resolução vai tornar “desnecessária” qualquer ação militar dos EUA na Síria.


Prazo

Pouco antes, o presidente da Síria, Bashar al-Assad, havia confirmado em entrevista a uma TV russa nesta quinta-feira que entregará as armas químicas do país ao controle internacional.

Assad disse à TV Rossiya 24 que ele entregaria as armas um mês após assinar os documentos.

"A Síria está colocando suas armas químicas sob controle internacional por causa da Rússia. As ameaças dos Estados Unidos não influenciaram nossa decisão", disse.

O presidente sírio disse que irá apresentar informações sobre seu arsenal químico um mês após adotar a convenção, como é de praxe. Mas o secretário de Estado americano, John Kerry, disse em Genebra que espera que isso ocorra mais rapidamente.

“Eu vi relatos de que o regime sírio sugeriu que, como parte do processo normal, eles devem ter 30 dias para apresentar datos sobre seu arsenal de armas químicas. Nós acredtamento que não há nada de normal acerca deste processo no momento, por causa da forma como o regime se comportoou, devido não só à existência dessas armas, mas por porque elas foram usadas”, disse.


Genebra


Os comentários foram feitos pouco antes de um encontro entre Lavrov e Kerry na cidade suíça para debater questão síria.

Kerry afirmou que o mundo estava de olho no governo de Assad, para ver se o compromisso de abrir mão das armas químicas realmente será realmente cumprido.

Os Estados Unidos acusam o regime sírio de matar centenas de civis em um ataque químico num subúrbio de Damasco no dia 21 de agosto, matando 1.429 pessoas.

O governo da Síria nega a acusação, responsabilizando grupos rebeldes pelo ataque.

'Chance para a paz'

Antes do encontro com Lavrov, Kerry se reuniu com o enviado da Liga Árabe e da ONU à Síria, Lakhdar Brahimi.

Já o chanceler russo visitou o Cazaquistão antes da reunião com Kerry. "Estou seguro que há uma chance para a paz na Síria. Não podemos deixá-la escapar", disse Lavrov no país centro-asiático

No entanto, ele não mencionou a destruição das armas, o que seria supostamente um ponto essencial das negociações da Rússia com a Síria.

Se as negociações em Genebra forem bem-sucedidas, os EUA esperam que o processo de desarmamento seja acertado em uma resolução no Conselho de Segurança da ONU.

No entanto, a Rússia considera inaceitável qualquer resolução prevendo o uso da força militar ou responsabilizando o governo de Damasco pelos ataques químicos.

Moscou, apoiada pela China, já rejeitou anteriormente projetos de resoluções condenando o governo de Assad.

De acordo com a ONU, mais de 100 mil pessoas já foram mortas na Síria desde o início dos conflitos, em 2011.


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