Três países do Golfo Pérsico chamam seus representantes no Catar

A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Barein retiraram seus embaixadores do Catar nesta quarta-feira


Por Angus McDowall e Amena Bakr | Reuters

RIAD/DOHA,5 Mar (Reuters) - A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Barein retiraram seus embaixadores do Catar nesta quarta-feira, em uma demonstração pública sem precedentes de discórdia entre os países árabes aliados do Golfo Pérsico, que divergem sobre o papel dos islamitas em uma região em crise.

O governo do Catar expressou "pesar e surpresa" com a decisão dos aliados no Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), formado por seis nações, mas disse que o país não vai chamar de volta seus embaixadores e continua comprometido com a segurança e estabilidade do CCG.

Os três países, liderados pela Arábia Saudita, disseram ter tomado essa medida porque o Catar não honrou um acordo do CCG, assinado em 23 de novembro, para não dar apoio a qualquer um que "ameace a segurança e a estabilidade do CCG, sejam grupos ou indivíduos, por meio de atividades diretas de segurança ou influência política, e de não apoiar a mídia hostil".

Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos estão especialmente irritados com o apoio do Catar à Irmandade Muçulmana, um movimento islâmico cuja ideologia política desafia o princípio de governo dinástico.

Eles também se ressentem do modo como o governo de Doha abrigou o influente clérigo Yusuf Qaradawi, da Irmandade, lhe deu espaço em seu canal árabe de televisão por satélite Al Jazeera.

O CCG, que normalmente mantém as suas divergências internas sob sigilo, é uma aliança pró-ocidental das monarquias árabes da região, criada na década de 1980 para combater a influência iraniana no Golfo. Inclui alguns dos maiores produtores e exportadores de petróleo e gás do mundo.

Kuwait e Omã não se uniram ao protesto diplomático contra o Catar. O presidente do Parlamento do Kuwait, Marzouq al-Ghanim, disse estar preocupado com as implicações da medida. Omã não comentou o assunto.

A Arábia Saudita, o maior Estado membro do Conselho em população, tamanho e economia, ficou cada vez mais incomodada nos últimos anos com os esforços do Catar, um país de apenas 2 milhões de habitantes, para transformar sua enorme riqueza proveniente da exportação de gás em influência regional.

A Arábia Saudita tenta há dois anos alinhar as políticas externa e de segurança dos Estados do CCG, governados por sunitas, para combater o que considera ser uma agressão por parte do xiita Irã, seu arquirrival regional.

Os analistas do Golfo e diplomatas dizem que é muito cedo para dizer se a disputa com o Catar vai esfacelar o CCG e observaram que divergências anteriores entre os Estados membros foram posteriormente resolvidas.


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