Lavrov não tem dúvidas sobre quem dirige o "show" em Kiev

Se as autoridades de Kiev não terminarem as operações punitivas contra seu próprio povo no Leste do país, a Rússia será obrigada a convocar uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU.


Andrei Fedyashin | Voz da Rússia

Isto foi declarado na televisão russa pelo representante da Rússia na ONU, Vitaly Churkin. Ele também advertiu que o papel desempenhado por os EUA na crise ucraniana pode levar a um maior esfriamento das relações com Moscou.

Diplomatas russos, por enquanto, dizem que ainda nem tudo está perdido e ainda se pode voltar aos acordos de Genebra de 17 de abril. É só preciso que Washington deixe de provocar seus protegidos em Kiev e os obrigue a cumprir todos os pontos dos acordos. Os mais importantes deles são a cessação da violência e uma anistia para todos os presos políticos.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, declarou em Moscou que os primeiros passos para resolver a situação devem ser dados pelas autoridades de Kiev e seus patronos nos Estados Unidos, com cuja aprovação e ajuda aconteceram e estão acontecendo ilegalidades na Ucrânia. Lavrov não tem mais dúvidas sobre quem dirigiu desde o início todo o “show” em Kiev:

“A operação antiterrorista foi anunciada imediatamente após uma visita secreta a Kiev do diretor da CIA, John Brennan (13 de abril). A trégua de Pascoa, declarada em Kiev no âmbito dessa operação, foi interrompida logo após a visita do vice-presidente dos EUA Joe Biden (22 de abril), que realizou uma reunião com os dirigentes ucranianos, de fato, no formato de “chefe de Estado numa reunião interna”: sentou-se à cabeça da mesa e, dos lados, ficaram os representantes da Ucrânia”.

Como disse o presidente russo Vladimir Putin, a ação punitiva lançada pelas autoridades de Kiev usando tropas, tanques e aviões contra seu próprio povo, demonstrou irrefutavelmente que quem está mandando em Kiev é uma ordinária “junta ou panelinha”. Até mesmo o presidente Yanukovich, que tinha um mandato nacional para governar a Ucrânia, não usou o exército contra os manifestantes na praça da Independência, disse Putin:

“E se essas pessoas passaram à chamada fase ativa, e na verdade isso não é nenhuma fase ativa, mas apenas uma operação punitiva, ela certamente terá consequências para aquelas pessoas que tomam tais decisões. Inclusive, isto se aplica às nossas relações intergovernamentais. Como irão se desenvolver os acontecimentos? Isso vamos ver. E vamos tirar conclusões com base nas realidades que se formarem no local”.

A mídia russa já inventou para todas as operações de Kiev contra os rebeldes nas cidades de Donbass e do resto do Sudeste da Ucrânia um novo termo que diz muito: “operações ucraniano-americanas” . E embora Moscou oficialmente ainda tenha esperanças quanto aos acordos de Genebra, em privado, diplomatas russos admitem que as chances são quase nulas. Dificilmente os EUA vão abandonar as medidas punitivas que eles mesmos desenvolveram, que eles dirigem e financiam.

Muitos peritos em Moscou acreditam que o início de uma guerra aberta contra o povo da região de Donetsk de fato matou o que restava dos recentes acordos de Genebra. E com as operações militares das autoridades de Kiev em Donbass surgem cada vez mais evidências de que os Estados Unidos e Kiev precisavam de Genebra apenas como uma pausa para a preparação das operações punitivas.

De certa forma, tudo o que está acontecendo em torno da Ucrânia é um sinal da quebra do sistema pós-soviético do mundo. Os EUA já não podem mais impor a todos a sua vontade, mas eles ainda são incapazes de lidar com isso e mudar para um módulo de comportamento diferente, diz o representante da Rússia na ONU, Vitaly Churkin:

“Eu acho que a América está numa encruzilhada. Os Estados Unidos já perceberam que eles não podem mandar em tudo no mundo, mas não conseguem traduzir isso para uma maneira diferente de comportamento. Eles se sentem desconfortáveis quando veem outros polos de força. Eles são a Rússia e a China. Esta é uma condição incomum para eles”.

Em geral, em privado, diplomatas russos dizem, que ao longo de anos de trabalho já viram de tudo. Mas nunca ainda viram uma tal concentração de mentiras dos EUA e do Ocidente como agora. Isso já nem é mesmo uma guerra de informação. Essa última, pelo menos, envolve a manipulação de fatos, meias-verdades, distorções dos fatos. Os métodos que Kiev e seus guias do Ocidente utilizam lembram mais uma “histeria de mentiras”.

A mais recente "pérola" do Departamento de Estado dos EUA foi divulgada em 24 de abril pelo Ministério das Relações Exteriores russo. O lado norte-americano tem repetidamente levantado a questão do “respeito pelos direitos e interesses comerciais dos cidadãos norte-americanos residentes na Crimeia”.

Apesar de todas as exigências do Ministério do Exterior russo de pelo menos dizerem exatamente quem, onde e como ameaçou a segurança ou os interesses de norte-americanos na Crimeia, o Departamento de Estado não divulgou nem nomes, nem fatos específicos, nem alvos de ameaças.

A busca pelos EUA do “rasto russo”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, chega a um ponto de absurdo completo, como as acusações de que as “unidades de autodefesa de Donbass usam metralhadoras Kalashnikov” e mantêm “comunicações de rádio em russo”. Parece que só os americanos não sabem que quase toda a população da região de Donetsk fala russo.


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