Manifestantes pró-Rússia tomam sede do governo de Luhansk

Cidade fica no leste da Ucrânia.

Manifestantes quebraram as janelas do edifício e lançaram bombas.


Do G1, em São Paulo

Ativistas pró-Rússia tomaram nesta terça-feira (29) a sede do governo regional de Luhansk, no sudeste da Ucrânia, informaram agências locais, citadas pela Efe.

Os manifestantes quebraram as janelas de vidro do edifício e lançaram bombas e objetos contra a fachada.

Milhares de manifestantes foram à administração regional depois que às 14h locais venceu o prazo do ultimato que haviam apresentado às autoridades para que libertassem manifestantes pró-Rússia detidos. Segundo a agência AFP, vários edifícios públicos foram ocupados.

Alexei Koriaguin, um dos líderes do "Exército de libertação de Donbass" (bacia mineradora da região de Donetsk), disse que não planejavam tomar o edifício e que o ataque aconteceu de maneira espontânea e pacificamente.

"O prédio da administração não nos interessa", declarou ao canal de televisão "Anna News", que transmitiu ao vivo pela internet a tomada da sede governamental.

O ativista acrescentou que já não há policiais no edifício e que o objetivo do protesto era "dialogar com as autoridades".

Nas imagens de TV se pôde observar junto ao edifício a um destacamento de policiais antidistúrbios que não atuaram contra os manifestantes.

Em Luhansk, os milicianos pró-Rússia mantinham ocupada há várias semanas a sede do departamento regional do Serviço de Segurança da Ucrânia.

Caos

Segundo a agência AFP, cerca de mil ativistas pró-russos, apoiados por 50 homens armados, também atacaram nesta terça a sede da polícia local de Lugansk.

"Estes jovens estão certos. Não queremos esta junta de nazistas que tomou o poder em Kiev. Nós não os reconhecemos. Eu quero que meus filhos e netos cresçam na Rússia", comentou uma engenheira aposentada que assistia ao ataque.

O prédio foi cercado pelos homens fortemente armados com fuzis e um lança-foguetes. A maioria deles portava uniforme ou roupas de combate. Ajoelhados atrás de veículos, eles atiraram nas janelas. A polícia respondeu com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.

Em Kiev, o presidente interino da Ucrânia, Olexander Turtshinov, denunciou a "falta de ação", ou mesmo a "traição", das forças de ordem no leste do país.

"Os eventos no leste ilustram a falta de ação, a impotência e, às vezes, a traição criminosa das forças de ordem nas regiões de Donetsk e Luhansk", declarou em um comunicado.

Segundo a imprensa ucraniana, ativistas pró-russos também ocuparam a Prefeitura da cidade de Pervomaisk, perto de Lugansk.

No total, as forças pró-russas ocupam os prédios públicos de doze cidades do leste.

Obervadores

Continua incerto o futuro dos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), detidos desde sexta-feira por separatistas em Slaviansk. Nesta terça, um dos oito observadores europeus detidos por motivos de saúde, mas os outro sete continuam presos.

O secretário-geral da OSCE, Lamberto Zannier, reuniu-se nesta terça em Kiev com o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Andrei Dechtchitsa, que exigiu a "libertação imediata dos reféns", sete estrangeiros e quatro ucranianos.

Em Slaviansk, o líder separatista da cidade indicou que houve "progressos significativos" nas negociações para a libertação do grupo.

A embaixada dos Estados Unidos em Kiev chamou de "terrorismo" o sequestro dos observadores da OSCE por separatistas ucranianos pró-Moscou.

Cosmonautas americanos 'expostos'

Em Moscou, várias autoridades acusaram os países ocidentais, que anunciaram novas sanções contra a Rússia, de ressuscitar a política da "Cortina de Ferro" e de levar a Ucrânia, no centro da disputa, a "um beco sem saída".

A expressão Cortina de Ferro foi utilizada pelos ocidentais durante a Guerra Fria para denunciar a separação entre o leste e o oeste da Europa, instaurada pela União Soviética após o fim da Segunda Guerra Mundial.

A Rússia acusou inclusive o governo dos Estados Unidos de colocar em perigo seus astronautas na Estação Espacial Internacional (ISS). "Se eles querem atingir o setor russo de mísseis, eles vão, automaticamente, expor seus cosmonautas da Estação Espacial Internacional", declarou Dmitri Rogozine, vice-primeiro-ministro russo.

As espaçonaves russas Soyuz são atualmente a única maneira de transportar e repatriar a tripulação da ISS. "Honestamente, eles começam a nos irritar com suas sanções, e não compreendem que elas vão retornar para eles como um bumerangue", afirmou ainda Rogozin, citado pela agência Itar-Tass.


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