La Fayette, uma fragata ‘stealth’ em águas brasileiras

Por Claudio Queiroz | Poder Naval

A Missão Jeanne D’Arc 2014 trouxe algumas surpresas, uma delas foi o navio escolta do BPCMistral, a fragata F-710 La Fayette, um projeto da DCN (hoje DCNS) feito dentro dos estudos da Marine Nationale para sua nova classe FL-3000 (Frégate Legere, Fragata Leve) de navios multimissão.

Esta nova classe foi concebida no final dos anos 1980 para ser utilizada em conflitos de baixa intensidade no período pós-Guerra Fria. Os navios deveriam ter capacidade de servir na grande Zona Econômica Exclusiva (ZEE) Francesa (a segunda maior do mundo), ter capacidades humanitárias e operações de apoio a tropas em terra em conflitos de baixa intensidade, e ainda substituir a envelhecida classe dos Avisos A69, navios leves especializados em ASW costeiro.

Uma das características que mais chamam a atenção quando se olha para a Fragata La Fayetteé a preocupação dos projetistas em reduzir sua detecção em radares.


F-710 Lafayette
Utilizando do expediente em construir as laterais com ângulos de 10 graus conseguiu-se uma redução da seção reta radar (RCS) do navio. Somando a isto foi projetado um castelo de proa completamente coberto, onde toda a maquinaria de sua âncora fica protegida por uma cobertura total, possuindo portinholas que ficam sempre fechadas para esta diminuição de RCS, só sendo abertas nas fainas de atracação em portos.

Seus mastros chaminés foram projetados também buscando-se esta redução de RCS com inclinações à frente, incomuns em construção naval, utilizando na pintura de todo o navio um novo tipo de tinta com capacidade de redução do sinal radar. Com essas medidas, os franceses conseguiram fazer com que um navio de 3.800 toneladas apareça nas telas de radar com um sinal de uma embarcação de 500 toneladas, o que possibilita ao navio ser confundido com pesqueiros e outras embarcações. Mas o mais importante é a possibilidade que o navio tem de desaparecer no meio de uma nuvem de “chaff” quando estiver sob ataque de mísseis antinavio, com seu eco reduzido.

Porém. um navio militar precisa mostrar muito mais que somente um pequeno sinal nas telas de radares, por isso a classe foi equipada com alguns componentes muito completos e modernos quando do lançamento da primeira unidade, a F-710.

Como armamento de tubo foi escolhido o onipresente sistema de canhão 100mm hoje fabricado pela própria DCNS. É um armamento de duplo emprego e com uma granada pesando cerca de 13,5kg e um alcance de 16km, para alvos de superfície, como uma cadência teórica de até 80 tiros por minuto.

Como armas leves foram instalados dois canhões GIAT 20F2 de 20mm, hoje Nexter, um em cada bordo, com uma taxa de tiro teórica de 720 tiros por minuto e um alcance máximo de 10km.

Na capacidade de defesa aérea foi instalado um sistema Thales Crotale CN2 com 8 misseis para pronto uso em um sistema conteirável.

Para sua capacidade de ataque a navios o sistema é o sobejamente conhecido MBDA MM-40 II Exocet, instalados em 8 células no padrão de 4 unidades para cada bordo a meia nau.

Possui um convés de voo na popa com um único ponto de pouso, para uso de helicópteros na classe até 10t como AS 565 MA Panther, SA 321G Super Frelon ou NH 90. A cabine de comando pode ser usada até estado do mar 6, cabendo aos vetores embarcados toda a capacidade ASW do navio, este sendo o maior ponto fraco da classe.

No quesito defesa eletrônica e contra medidas está equipada com receptor de aviso de radar Thales ARBR 21 (DR 3000S), operando nas bandas em D a K, que está montado na parte superior do mastro principal; um “jammer” Thales ARBB33 operando nas bandas H, I e J; dois lançadores Sagem Défense Sécurité (antiga EADS Defence & Electronics) Dagaie de chaff e flare, instalados no convés de popa e atrás do passadiço.

Para busca aérea e superfície a classe conta com o Sea Tiger Mk2, um radar fabricado pela Thales, montado na parte superior do mastro de ré. O mesmo opera nas bandas E e F, com alcance superior a 100km. Como complemente, o navio está equipado com o Thales Castor 2J, operando na banda J, usado para direção de tiro para o canhão principal. O sistema Crotale faz uso de dois radares Thales modelo 1229 operando na banda I, no auxílio à navegação e controle dos helicópteros.

O sistema de dados de combate é o Thales (ex Thomson-CSF) sistema TAVITAC 2000, que também é equipado com o sistema de apoio ao comando OPSMER.

A propulsão é um arranjo combinado Diesel e Diesel (CODAD), com quatro motores diesel STC SEMT Pielstick 12 PA6 V, gerando 21.000hp, impulsionando dois eixos com hélices de passo controlável. O sistema de propulsão proporciona uma velocidade máxima de 25 nós e um alcance em velocidade econômica de 12 nós de 9.000 milhas marítimas.

Composição da classe na Marine Nationale e variantes exportadas, totalizando 20 unidades:

França: La Fayette (F710), Surcouf (F711), Courbet (F712), Aconit (F713), Guépratte (F714)

Arábia Saudita: Al Riyadh, Makkah, Al Damman.

Taiwan: Kang Ding (FFG-1202) , Si Ning (FFG-1203) , Wu Chang (FFG-1205) , Di Hua (FFG-1206) , Kun Ming (FFG-1207) , Chen De (FFG-1208)

Singapura: Formidable (68), Intrepid (69), Steadfast (70), Tenacious (71), Stalwart (72) , o Supremo (73)

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