ONG denuncia 190 execuções pelo Isis em cidade iraquiana

Human Rights Watch confirmou o massacre com base na análise de fotografias divulgadas pelo grupo terrorista


O Globo
com agências internacionais

BAGDÁ — A organização internacional Human Rights Watch anunciou sexta-feira que os jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Isis) mataram entre 160 e 190 homens em Tikrit, cidade natal do ex-ditador Saddam Hussein, a 180 quilômetros de Bagdá. A instituição confirmou a informação após analisar fotografias que próprio grupo terrorista divulgou nas redes sociais.



Fotos divulgadas pelo Isis nas redes sociais foram divulgadas pela Human Rights Watch
Foto: AFPFotos divulgadas pelo Isis nas redes sociais foram divulgadas pela Human Rights Watch - AFP

“A análise das fotografias indica fortemente que o Isis tem conduzido execuções em massa em Tikrit depois de tomar o controle da cidade em 11 de junho”, disse a ONG em um comunicado.

Segundo o relatório, o massacre de quase 200 homens ocorreu em pelo menos duas localidades entre os dias 11 e 14 de junho. A a organização ainda informou que enfrenta dificuldades em localizar os corpos e acessar a área impede uma investigação completa.

Depois de tomar a cidade ao norte de Bagdá, os extremistas sunitas divulgaram fotos e vídeos de supostas execuções em massa, informando que 1,7 mil soldados do Exército iraquiano haviam morrido. As imagens tiveram a autenticidade comprovada pela AP e a ONU denunciou que o grupo havia perpetrado crimes de guerra por “uma série de execução a sangue-frio sistemática” de centenas de soldados e civis capturados em Tikrit.

Com base na análise das imagens e comparando-as com fotografias do mesmo local, em 2013, a Human Rights Watch concluiu que duas delas foram tiradas em um campo localizado a cerca de 100 metros de um antigo palácio de Saddam Hussein, perto do rio Tigre. A organização também revisou imagens de satélite da área em 16 de junho. No entanto, não aparece nenhuma evidência de que os corpos foram encontrados, só os sinais de movimentos na terra, incluindo a trilha de alguns veículos.

A organização conseguiu falar com iraquiano que testemunhou as execuções do telhado de sua casa. Ele contou detalhes do massacre orquestrado pelo grupo Isis

— Eu vi com meus próprios olhos. Era tarde e havia uma longa fila de homens. Pude ver cerca de 10 militantes apontando seus fuzis para uma longa fila de homens que saiam de caminhões. Alguns usavam máscaras e outros tinham o rosto descoberto. Os sequestrados usavam roupas civis — contou o homem, que logo depois das execuções deixou a cidade.

No dia 22, o governo xiita de Nuri al-Maliki reconheceu que os corpos de alguns dos 175 recrutas assassinados foram jogados no rio Tigre e outros enterrados em uma vala comum. Essa não é a primeira evidência da Human Rights Watch dos graves crimes cometidos pelo grupo jihadista.

O diretor de emergências da organização, Peter Bouckaert, ressaltou que o Isis está cometendo assassinatos em massa que podem ser considerados crimes contra a humanidade. Mas Bouckaert alertou que os olhos do mundo estão observando os iraquianos.


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