Presidente da Ucrânia apresenta “ultimato de paz”

O plano de paz, avançado pelo presidente da Ucrânia, Piotr Poroshenko, não fez cessar operações militares no leste do país. Moscou considera que o plano precisa de um elemento mais essencial – um convite para o diálogo.


Natalia Kovalenko | Voz da Rússia

Entretanto, foi anunciada uma trégua. A portaria presidencial sobre o cessar-fogo unilateral entrou em vigor na sexta-feira, 20 de junho, às 22 horas locais. Mas na realidade, o referido armistício nem se iniciou.

Moscou não sabe dizer ainda quem é que continua disparando – as forças governamentais ou destacamentos da Guarda Nacional ultranacionalista. Mas o fato de disparos terá sido confirmado por meios de observação objetivos. Para as promessas de Poroshenko não ficarem no papel, é necessário pôr termos às hostilidades, sustenta o presidente russo, Vladimir Putin:

“O anúncio de uma trégua constitui, sem dúvida, um elemento importante do plano de regularização sem o qual não se pode entabular conversações. A Rússia irá apoiar tais iniciativas. Mas, em última análise, o mais essencial é dar início ao processo político de normalização. É importante que a trégua venha dar impulso a um diálogo entre as partes conflitantes para encontrar soluções de compromisso, para que os habitantes do sudeste se sintam uma parte integrante da Ucrânia e possuam todos os direitos garantidos pela Constituição. É preciso começar tal diálogo abrangente e concreto. Nisto consistem garantias do sucesso”.

Mas o que falta agora é precisamente um diálogo. As autoridades de Kiev nem convidam para o início de negociações. Aos milicianos foi dada uma semana para deporem as armas. Os que não o façam, correm o risco de ser eliminados. Uma advertência foi lançada ainda à população – se esta não influir sobre suas milícias, entrará em vigor um plano “B”. Embora seus detalhes não tenham sido divulgados, o presidente Poroshenko avisou que, nesse caso, o número de vítimas irá aumentar ainda mais. Tais condições não favorecem a paz e a concórdia, salientou o chanceler russo, Serguei Lavrov:

“A maior parte do plano de paz parece mais a um ultimato, apresentado a todos os oponentes aos poderes atuais, dando-lhes alguns dias para se renderem. Caso contrário, se propõe que eles abandonem a Ucrânia ou sejam verificados quanto a eventuais crimes graves e, na melhor das hipóteses, anistiados.

O plano exposto nada tem a ver com o discurso de Poroshenko nos encontros na Normandia, os contatos telefônicos com Vladimir Putin anteriores e as propostas feitas por parceiros ocidentais. O plano carece de um ponto básico – o convite para conversações. Nisto, pois, reside um distanciamento radical da declaração de Genebra de 17 de abril, apoiada, pelo menos, teoricamente, por parceiros ocidentais, os EUA, a EU e as autoridades de Kiev”.

Por seu lado, a Rússia está disposta a empreender esforços para que entre os poderes ucranianos e as repúblicas do sudeste se estabeleça um diálogo. Na etapa inicial é capaz de ser um diálogo indireto, por mediação, que abra caminho para um processo negocial e que traça parâmetros de um futuro regime político da Ucrânia. Todavia, nessa fase, a tarefa prioritária mais importante seria o cessar fogo e salvar milhares de vidas humanas.


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