Seul vazou informações secretas sobre negociações com a China

Em 26 de agosto Seul divulgou um episódio das negociações confidenciais entre o presidente da China, Xi Jinping, com a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, sobre a defesa antimísseis dos Estados Unidos. Na reunião realizada em 3 de julho, o líder chinês apelou a considerar com todo o cuidado a instalação do sistema de defesa antimísseis norte-americano na Coreia do Sul. Isso foi relatado na terça-feira pela agência Yonhap citando uma fonte diplomática. Qual foi a resposta de Park Geun-hye ao líder chinês não se sabe.


Natalia Kasho | Voz da Rússia

O vazamento de informações confidenciais ocorreu quase dois meses depois da primeira e histórica visita de estado do líder chinês à Coreia do Sul. Por que só agora se soube?

Aparentemente, Washington aumentou a pressão sobre Seul, insistindo na integração o mais depressa possível do sistema de defesa antimísseis sul-coreano com o norte-americano. Entretanto, militares da Coreia do Sul estão apostando no desenvolvimento de seu próprio programa de defesa antimísseis projetado para defender o país contra a ameaça de mísseis do Norte. Quanto à colaboração com os Estados Unidos neste domínio, eles preferem limitá-la exclusivamente à troca de informações de inteligência.

Podemos supor que a divulgação por Seul da advertência de Xi Jinping de não sucumbir à pressão dos Estados Unidos é um sinal justamente aos aliados norte-americanos. Ou seja, a Coreia do Sul não gostaria de estragar as relações com a China, que agora estão em alta, por causa do sistema de defesa antimísseis norte-americano. Esta posição de Seul, obviamente, irá afetar as consultas que estão sendo realizadas com os Estados Unidos sobre a implantação de componentes do sistema norte-americano de defesa antimísseis na Coreia do Sul.

Entretanto, para a China é crucial que a Coreia do Sul não instale nenhum sistema de defesa antimísseis, disse o perito Vladimir Evseev:

“De fato, este é um sistema norte-americano de baseamento avançado. Sua implantação relativamente perto do território chinês permite interceptar mísseis chineses mais eficazmente.

Muito provavelmente, o maior perigo para os mísseis chineses não serão os sistemas de defesa antimísseis instalados em terra, mas a instalação em navios de guerra da Coreia do Sul, principalmente em contratorpedeiros, de sistemas de mísseis guiados Aegis. A presença de sistemas de baseamento marítimo permite, hipoteticamente, intercetar mísseis chineses na fase ativa de voo com um alto grau de probabilidade. É isso que preocupa a China principalmente, uma vez que, de certa forma, irá desvalorizar a capacidade de mísseis que ela possui”.

Ao mesmo tempo, a capacidade de mísseis da China é bastante limitada. Portanto, qualquer implantação de sistemas de defesa antimísseis, especialmente perto das suas fronteiras nacionais, coloca perante a China um dilema muito sério. Ou ela deve aumentar significativamente sua capacidade de mísseis, ou procurar outras oportunidades de retaliação, possivelmente através do aumento do número de submarinos nucleares com mísseis balísticos a bordo. Mas esta não é a melhor opção, acredita Vladimir Evseev:

“Isso envolve seus problemas, tanto com mísseis balísticos, como com os próprios submarinos que agora estão estacionados em Hainan. Em geral, a China está enfrentando uma escolha difícil. Para ela é mais eficaz convencer a Coreia do Sul a não instalar sistemas de defesa antimísseis norte-americanos . Neste caso, ela não terá que enfrentar custos financeiros consideráveis. Por outro lado, para compensar Seul por tal passo em frente, a China pode propor à Coreia do Sul alguns projetos econômicos vantajosos. Penso que a China, ao que parece, fez isso durante a visita de Xi Jinping a Seul”.

Hoje, a China já está expandindo ativamente a sua capacidade de mísseis. Em Seul entendem que este fortalecimento aumenta a capacidade dos militares chineses de ampliar a lista de potenciais alvos na Coreia do Sul. E este é outro argumento a favor de não brigar com a China e ter em conta sua preocupação com a possibilidade de instalação de elementos do sistema de defesa antimísseis norte-americano na península coreana.



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