A era dos tanques: razões para o regresso das armas da Guerra Fria

Existem cinco tendências por trás do desenvolvimento dos tanques modernos, um armamento geralmente visto como desatualizado e facilmente ultrapassado por aeronaves e mísseis de novas gerações.


Sputnik

Na verdade, os tanques voltam a estar na moda. Isso poderia não ser tão evidente há um ano atrás, quando milícias do Donbass chegaram a perseguir um antiquado tanque ucraniano com um carro Lada Niva. Mas agora que ambas as partes têm novos tanques, criar zonas livre deles já não é fácil.

1. O Armata

A entrada do tanque T-14 Armata na arena mundial foi um acontecimento marcante que mudou as regras do jogo. Pela primeira vez em décadas, uma potência militar criou um tanque novo não baseado em projetos anteriores.


T-14 Armata durante o ensaio para a Parada da Vitória em Moscou
© SPUTNIK/ MIKHAIL VOSKRESENSKY

Se a Rússia é capaz de produzir 2.300 unidades sem cortes orçamentários, esta é razão suficiente para outras potências pensarem em começar desenvolvimentos semelhantes. Especialmente tendo em conta que o tanque é exportado para outros países, opina o analista tcheco Kukas Visingr, na publicação Echo24.

2. Fechando a brecha dos mísseis

Soldados durante o lançamento do primeiro míssil Javelin durante o exercício de 2000, em Croácia
Soldados durante o lançamento do primeiro míssil Javelin durante o exercício de 2000, em Croácia

Os desenvolvimentos da tecnologia de mísseis avançaram ao ponto de serem criados sistemas de lançamento de mísseis portáteis tipo FGM-148 Javelin. Estes sistemas permitem atingir o topo dos tanques, que é tradicionalmente o lugar mais vulnerável deles. Mesmo assim, o custo destes sistemas e a sua disponibilidade fazem cada vez mais difícil usá-los em tais condições como a guerra urbana.

3. A solução israelense

Os tanques israelenses, usados ativamente na guerra urbana, interceptam mísseis e protegem contra explosivos improvisados. 

Um tanque israelita Merkava na Faixa de Gaza durante os exércitos perto da fronteira de Israel em 3 de agosto de 2014
Um tanque israelita Merkava na Faixa de Gaza durante os exércitos perto da fronteira de Israel © AFP 2015/ JACK GUEZ

Israel é também o primeiro país a desenvolver veículos blindados de transporte de pessoal e veículos de combate de infantaria, com os quais o Armata também beneficiou.

4. Onde os tanques ainda dominam

No leste da Ásia, o desenvolvimento de tanques realmente nunca parou depois dos anos 1980. Em 2014, a Coreia do Sul lançou o K2 Black Panther, o tanque mais caro no mundo. Com uma torre operada pela tripulação, é consideravelmente mais avançado do que o tanque K1, baseado no norte-americano M1 Abrams.

O tanque de guerra da Coreia do Sul K2 é exibido durante a Exibição Internacional de Defesa Área de Seul. 28 de outubro de 2013
O tanque de guerra da Coreia do Sul K2 é exibido durante a Exibição Internacional de Defesa Área de Seul © AFP 2015/ JUNG YEON-JE

O Japão também introduziu recentemente um tanque novo, o Type 10 e a Coreia do Norte continua desenvolvendo o Pokpung-ho, inspirado no russo T-90. Mesmo a China, que está focada no desenvolvimento do seu poderio naval, não está muito longe de lançar seus tanques Type 96 e Type 99 atualizados.

5. A geração modernizada

Muitos tanques em diversos países tornam-se desatualizados, não só porque são antigos (o M1 Abrams é produzido desde 1980), mas porque a sua competição no campo de batalha potencial até agora só aconteceu com tanques da mesma idade.

O tanque norte-americano M1A2 durante exercícios conjuntos dos EUA e a Coreia do Sul na cidade fronteiriça de Yeoncheon, a nordeste de Seul, em 30 de maio de 2013
O tanque norte-americano M1A2 durante exercícios conjuntos dos EUA e a Coreia do Sul © AFP 2015/ JUNG YEON-JE

A Alemanha e a França já começaram a desenvolver novos tanques, como o Leopard 3, em 2015. O Reino Unido não ainda não tem planos de participar no desenvolvimento deste armamento, mas é possível que a escalada de tensões dos países ocidentais contra a Rússia o venha a forçar a fazê-lo.


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