Guerra na Síria pode ter guinada com envio de reforço militar da Rússia e do Irã

RFI | AFP

A Rússia reforçou a sua presença na Síria enviando 15 aviões de carga para uma base militar do regime de Bashar al-Assad. A manobra acontece no momento em que Washington admite ter sofrido um revés: rebeldes treinados pelos Estados Unidos para lutar contra os grupos radicais islâmicos entregaram parte de sua munição ao braço local da Al-Qaeda.


Rebeldes sírios posam diante das câmeras, com armas em punho, para festejar conquista da cidade de Jisr al-Choughour, em abril de 2015.
Rebeldes sírios posam diante das câmeras, com armas em punho, para festejar conquista da cidade de Jisr al-Choughour, em abril de 2015. REUTERS/Ammar Abdullah

Moscou, principal aliado do regime de Damasco, parece ter recuperado a iniciativa no conflito que arrasa a Síria. Entre o ativismo russo e a crise migratória na Europa, muitas embaixadas começam a considerar a inclusão do presidente sírio, Bashar al-Assad, no diálogo para encontrar uma solução para esta guerra que já provocou mais de 240 mil mortes em quatro anos e meio.

Segunda-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, irá propor a criação de uma ampla coalizão, incluindo o exército de Assad, para lutar contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) durante uma reunião com seu colega americano, Barack Obama, em Nova York.

Aviões russos carregados de armas

Neste sábado, uma fonte militar síria indicou à AFP que "pelo menos 15 aviões de carga russos, transportando equipamentos e pessoal, pousaram ao longo das duas últimas semanas na base militar de Hmeimim, no oeste da Síria. As aeronaves, nas cores da bandeira russa, chegaram diariamente à base localizada no aeroporto civil e militar de Bassel al-Assad, na província de Latakia, reduto do regime. "Caminhões descarregaram os aviões e transportaram a carga para fora do aeroporto", acrescentou a fonte.

Embora não haja nenhuma confirmação oficial do Kremlin, o governo americano está preocupado com o reforço da presença russa na Síria, com o envio de aviões de combate, sistemas de defesa aérea e equipamentos modernos, alguns dos quais cedidos ao exército sírio para a guerra contra os rebeldes.

Na quarta-feira, o exército sírio usou pela primeira vez drones fornecidos pela Rússia, de acordo com uma fonte de segurança em Damasco. De acordo com os americanos, os russos realizaram voos de reconhecimento sobre a Síria.

Guinada na guerra

Uma autoridade síria disse à AFP que o envolvimento russo marca uma "guinada" na guerra. E Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah xiita libanês, que combate ao lado do exército sírio, indicou que a intervenção russa "vai influenciar a evolução da batalha em curso na Síria".

Os Estados Unidos indicaram que receberiam favoravelmente uma iniciativa russa para reforçar a luta contra o EI, mas que temem que os russos procurem, acima de tudo, fortalecer o regime de Assad.

A chanceler alemã, Angela Merkel, estimou pela primeira vez esta semana que seria necessário dialogar com o presidente sírio para resolver o conflito.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, inimigo de Assad, também admitiu que o chefe de Estado sírio poderia fazer parte de um período de transição.

Além disso, os esforços para evacuar os civis não se concretizam há vários meses, levando muitos a se manifestarem bloqueando uma estrada fundamental, segundo a OSDH. "Dezenas de homens bloquearam a estrada que seria utilizada para evacuar os civis das aldeias de Fua e Kafraya", no noroeste da província de Idlib, informou o responsável da ONG com sede em Londres, Rami Abdel Rahman.

Um cessar-fogo com mediação da ONU, que inclui Fua, Kafraya e Zabadani, único bastião rebelde que resta na fronteira entre Síria e Líbano, foi acertado na quinta-feira pelas partes beligerantes do país.

Revés para Washington

Os Estados Unidos e diplomatas ocidentais tentaram neste sábado improvisar uma estratégia diplomática para acabar com a guerra na Síria, após o último golpe sofrido no plano militar. O Pentágono admitiu que o último grupo treinado por oficiais americanos para entrar na Síria entregou um quarto de sua equipe, bem como carros e munição, para o braço local da Al-Qaeda, a frente Al-Nosra.

O programa americano deveria treinar e equipar cerca de 5 mil rebeldes por ano, durante três anos, mas até agora formou apenas dois grupos de 54 e 70 combatentes.

Em contraste com os medíocres esforços do governo americano para reforçar seus aliados no território sírio, Irã e Rússia enviaram reforço militar ao regime de Damasco. Moscou com seus 15 aviões carregados de equipamentos. Já o Irã mobilizou uma milícia de combatentes xiitas treinados e monitorados pela Guarda Revolucionária iraniana.


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