Ofensiva de Raqqa: mais um esforço de Obama para acabar sua presidência com sucesso

Comentando a ofensiva recentemente anunciada das Forças Democráticas da Síria (SDF), apoiadas pelos EUA, para libertar a cidade de Raqqa na Síria dos combatentes do Daesh, Renad Mansour, especialista do centro científico britânico Chatham House, explicou à Sputnik Internacional as razões reais para esse ataque muito publicitado.


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Em 6 de novembro, as Forças Democráticas da Síria (SDF), apoiadas pelos EUA e lideradas por curdos, anunciaram o início da operação nomeada Fúria do Eufrates para retomar o baluarte de Raqqa do Daesh (o Estado Islâmico, EI) na Síria. 


Um combatente norte-americano, que está lutando ao lado das Forças Democráticas da Síria, segura bandeira do seu país
Militar norte-americano ao lado de curdos das Forças Democráticas da Síria © REUTERS/ Rodi Said

O anúncio foi feito alguns dias antes do dia final das eleições nos EUA e logo depois de ter sido iniciada uma operação semelhante para retomar Mossul, a segunda maior cidade do Iraque. 


A Sputnik Internacional se encontrou com Renad Mansour, especialista em Iraque de Chatham House, o Instituto Real de Relações Internacionais baseado em Londres, para discutir os objetivos verdadeiros desta ofensiva e que dificuldades podem ser enfrentadas. 

"Até certo ponto, este é uma espécie de passo estratégico do presidente cessante Barack Obama que tenta acabar sua presidência com grandes vitórias militares sobre o Daesh", disse ele à Sputnik Internacional. 

A esperança real é não vencer, mas pelo menos ganhar o impulso que vai levar ao sucesso no futuro.

"É a primeira vez que eles não são vistos como um grupo vitorioso e este é a altura perfeita para tirar vantagem da ansiedade que a liderança do Daesh está vivendo para continuar e vencer", disse ele se referindo ao sucesso das forças do Iraque perto de Mossul.

No entanto, Renad Mansour destacou as dificuldades que a operação pode enfrentar. 


"Ela será muito difícil. É possível que seja mais difícil do que a batalha por Mossul que decorre agora e que vai continuar no Iraque", disse ele. 

As pessoas em Raqqa já não têm certeza do que está acontecendo agora, ele explicou. No início, começaram se movendo contra o regime de Bashar Assad, mas parece que as potências internacionais estão negociando uma possível resolução e que o regime ainda está intacto devido ao apoio da Rússia e outros grupos. Por isso os habitantes de Raqqa estão suspeitosos e se preocupam com o que acontecerá no futuro próximo. Mesmo que estejam procurando uma alternativa ao Daesh. 

Para tornar a questão ainda mais complicada, ele disse que a população de Raqqa está surpreendida por a operação ser liderada por um grupo curdo quando há outros grupos na região. 

Os grupos curdos têm mais interesse en Rojava, que é a área curda na Síria, explicou ele.

Por isso as SDF lideradas por curdos tencionam assegurar que são capazes de solidificar a sua autonomia planejada independentemente do que está acontecendo em Raqqa e em qualquer parte da Síria. É provável que isso seja sua maior prioridade e a eliminação do Daesh da Síria só vem depois. 


Além disso, há muita confusão e não há um plano concreto como no Iraque. Mesmo o plano político é algo obscuro, destaca ele. 

Raqqa, por sua vez, é principalmente a capital simbólica do chamado Califado. Foi a terceira maior cidade que o Califado ocupou e esta cidade é mais avançada, devido à quantidade de população que teve de ir de Mossul para Raqqa para receber os serviços básicos que não são prestados em Mossul. 

Contudo, o Daesh não vai abandonar a cidade sem luta e é por isso que esta batalha vai ser muito difícil, indicou ele.


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