EUA impõem novas sanções à Venezuela e indicam que Cuba e Nicarágua são as próximas

Os Estados Unidos estão aplicando sanções duradouras à Venezuela em sua tentativa de reafirmar o domínio hemisférico, algo que o assessor de segurança nacional John Bolton apelidou de "Troika da tirania", em um retrocesso ao "Eixo do Mal" de George W. Bush.


Sputnik

O presidente dos EUA, Donald Trump, autorizou sanções ainda mais severas contra a Venezuela, visando ostensivamente o setor de ouro do país, mas na verdade perseguindo qualquer um e todos considerados "envolvidos direta ou indiretamente" em "práticas enganosas ou corrupção" relacionadas ao governo venezuelano pela Secretaria de Estado. Sem definir nenhum desses termos, o governo escreveu um cheque em branco para travar uma guerra econômica contra a nação que já sofre.


John Bolton, ex-embaixador dos EUA na ONU, chega a um encontro com Donald Trump em 2 de dezembro de 2016 em Nova York
John Bolton © AP Photo / Evan Vucci

Bolton deu a notícia na Torre da Liberdade de Miami, que já foi o primeiro porto de escala dos refugiados cubanos que fugiam do governo de Fidel Castro. O assessor de Trump sugeriu planos de sanções contra Cuba e Nicarágua, colocando as três nações socialistas em seu canto geopolítico.

"Esse triângulo de terror que se estende de Havana a Caracas e Manágua é a causa do imenso sofrimento humano, o ímpeto de uma enorme instabilidade regional e a gênese de um sórdido berço do comunismo no hemisfério ocidental", disse Bolton.

A Venezuela não representa uma ameaça real para os EUA, porém a administração de Trump afirma que os líderes em El Salvador, Guatemala e Honduras culpam o governo de Nicolás Maduro por organizar e financiar as caravanas de migrantes que atualmente se aproximam da fronteira com os EUA. Enquanto isso, a república socialista está assentada nas maiores reservas de petróleo do hemisfério ocidental, enviando os EUA para um paroxismo de raiva, ao mesmo tempo em que compra o petróleo da Venezuela em quantidades recordes.

Trump também impôs sanções a mais de 24 operações pertencentes ou controladas pelos militares e serviços de inteligência cubanos, alegando retaliação pelos esforços cubanos para ajudar o governo de Maduro.

O governo usou a agitação política decorrente das mudanças do presidente Daniel Ortega no programa de seguridade social como uma desculpa para zerar a Nicarágua, alegando que os EUA querem "eleições livres e justas" no país e mais uma vez mostrando absolutamente nenhum senso de ironia — particularmente porque foi esse mesmo presidente Ortega cujo regime lutou contra os guerrilheiros Contra, apoiados pelos EUA durante os anos 80.

O Departamento do Tesouro dos EUA alega que as minas de ouro da Venezuela são dirigidas por gangues criminosas de maneira "ambientalmente desastrosa". Enquanto isso, Bolton elogiou a eleição no Brasil de Jair Bolsonaro, que prometeu acabar com os esforços de conservação ambiental e abrir a floresta amazônica aos madeireiros. A administração Trump tem presidido a sua própria reversão maciça de regulamentações ambientais e reduziu o orçamento de agências encarregadas de proteger o ar e a água do país.

Os EUA inflacionaram as alegações de violência de todos os três regimes "Troika" enquanto financiavam grupos antigovernamentais nos três países através de grupos de frente como a USAID e o National Endowment for Democracy. Em agosto, Maduro foi atacado por um drone carregado de explosivos em uma aparente tentativa de assassinato durante uma parada militar. Ele culpou o ataque a elementos de direita respaldados pelos EUA e pela Colômbia.

George W. Bush introduziu o "Eixo do Mal" em um discurso escrito por David Frum logo após o início da Guerra ao Terror, que ainda continua, 17 anos e trilhões de dólares depois. Naquela época, os vilões eram o Iraque, o Irã e a Coréia do Norte. O gabinete de Bush esperava derrubar o Irã depois de terminar com o Iraque, mas acabou gastando bilhões de dólares e a maior parte de uma década lidando com uma insurgência do povo iraquiano, que não recebeu os invasores americanos como libertadores.

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