Força de Submarinos da Marinha Venezuelana está inativa há quase um ano

O Escuadrón de Submarinos da Armada Bolivariana da Venezuela está impossibilitado de operar há quase um ano.


Por Roberto Lopes | Poder Naval

Formada por dois submersíveis de propulsão diesel-elétrica Tipo U-209A/1300, construídos em Kiel, na Alemanha, em meados da década de 1970, a Arma Submarina tem um de seus navios – o Caribe (S-32), comissionado em março de 1977 – docado para reparos desde 2004.



O outro submarino – Sábalo (S-31), na ativa desde agosto de 1976 – passou por um período de manutenção geral que durou sete anos (2004-2011), foi reincorporado à frota, operou por cerca de seis anos mas já foi, de novo, retirado da água.

Desde outubro de 2017 o S-31 navegava com limitações, em função de problemas nas suas duas praças de baterias. Cada 209 venezuelano funciona amparado na força de 480 baterias – equipamentos de 1,20 m de altura e 520 kg de peso.

Assim, a 24 de maio do ano passado, o Sabalo foi levado, mais uma vez, às instalações do estaleiro estatal Dianca (Diques y Astilleros Nacionales C.A.), no complexo naval da Base CA Agustín Armario, nas vizinhanças de Puerto Cabello (estado de Carabobo), para ser submetido a novos trabajos de mantenimiento.

Beringelas 

Na primeira quinta-feira deste mês (03.01), por instrução do ministro do Poder Popular para a Defesa (e vice-presidente para Soberania, Paz e Segurança), general Vladimir Padrino López, a vice-ministra de Planejamento e Desenvolvimento do Ministério da Defesa, major general (de Aviação) Gloria Mercedes Castillo de Durán, viajou a Puerto Cabello para inteirar-se da fase em que se encontra o trabalho de recuperação dos submarinos.

Ela encontrou o Sábalo dentro de um galpão, equilibrado sobre estrados de madeira, com algumas aberturas no casco que permitem a intervenção de especialistas nos sistemas internos da embarcação (no twitter do navio há fotos, tomadas a 4 de janeiro, de parte da tripulação exibindo as berinjelas que são cultivadas em uma área vizinha, no âmbito de um Proyecto Socioproductivo Agrícola desenvolvido dentro do estaleiro).

Gloria Castillo de Durán foi informada de que faltam recursos financeiros e materiais para o serviço nos submarinos, e que o plano, nesse momento, é concentrar esforços na recuperação do S-31 – o que parece indicar que o Caribe tão cedo não voltará a navegar.

A imprensa venezuelana não conseguiu determinar se o S-32 será mantido como repositório de peças para o S-31.

É sabido que, por motivos políticos e econômicos, ambos os navios vem recebendo pouquíssima atualização.

Um vídeo de 36,32 minutos intitulado Patria Azul (disponível aqui), produzido em 2017 pela Armada Bolivariana a bordo do submarino Sabalo, mostra instalações não apenas acanhadas (como é próprio de qualquer submarino de pequeno porte), também de aparelhagens e equipamentos claramente antiquados (as imagens foram gravadas em 2015, quando o S-31 operava na condição de único submarino venezuelano disponível).

Labores de Inteligencia 

Em maio próximo, a Arma Submarina da Venezuela completa o seu 59º aniversário.

O Esquadrão já formou mais de 1.300 profissionais, mas, na atualidade, não possui mais do que uns 100 na ativa.

Em tempos normais, o pessoal do Sabalo está formado por oito oficiais e 32 subalternos. Entre estes, três são mulheres: uma Tenente de Fragata (patente equivalente, no Brasil, à de 1º Tenente), uma sargento e uma Alférez de Navío. A Marinha Venezuelana foi a pioneira, na América do Sul, na aceitação de mulheres em submarinos.

A inatividade do Esquadrão de Submarinos não prejudica apenas a formação dos submarinistas, também impede o emprego dos submersíveis nos chamados labores de Inteligencia.

Nos últimos meses, as tarefas de Inteligência cumpridas por esses tripulantes vinham se concentrando em duas frentes: a vigilância da fronteira marítima com a Colômbia, e as missões de reconhecimento na área defronte ao litoral da Guiana, que guarda grandes reservas de petróleo no leito submarino e é reclamada pelo governo de Caracas.

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