Polícia grega dispara gás lacrimogêneo para conter entrada de refugiados

Ação ocorre após Turquia anunciar que não pretende mais impedir fluxo de migrantes que tentam entrar na UE. Segundo Atenas, pelo menos 4.000 pessoas estão tentando cruzar a fronteira neste sábado.


Deutsch Welle

A polícia grega entrou neste sábado (29/02) em confronto com centenas de refugiados na fronteira do país com a Turquia. De acordo com autoridades de Atenas, cerca de 4.000 pessoas estão tentando hoje cruzar "ilegalmente” a divisa para chegar à União Europeia.

Türkei Ausschreitungen am Grenzübergang Pazarkule zu Griechenland (Reuters/H. Aldemir)
Migrantes barrados na fronteira atiraram pedras nos policiais gregos

O confronto ocorre um dia após as autoridades da Turquia anunciarem que não pretendem mais impedir a passagem de refugiados em direção à UE.

A polícia grega disparou gás lacrimogêneo contra migrantes que se acumularam em uma passagem de fronteira no estado turco de Edirne. Também houve relatos de pedras sendo atiradas por refugiados nos policiais.

"A polícia de fronteira grega tem disparado pimenta/gás lacrimogêneo para barrar as pessoas", escreveu a correspondente da DW na Turquia, Julia Hahn, no Twitter.

"A situação é muito dramática", relatou Hahn. Ela também afirmou que "centenas de migrantes" tentaram entrar na terra de ninguém. "Alguns têm lágrimas nos olhos, tossem, outros parecem desmaiar", disse ela.

Ela testemunhou pessoas atravessando uma cerca na área da fronteira. "Não sei por que eles estão fazendo isso. Viemos aqui para construir uma nova vida, mas eles não nos deixam entrar", relatou um migrante afegão à jornalista.

A Grécia já havia reforçado a segurança na fronteira na sexta-feira, depois que a Turquia disse que não impediria mais os refugiados de cruzarem a Europa. A decisão ocorreu após a morte de 34 soldados turcos no norte da Síria.

"Protegemos as nossas fronteiras e as da Europa. Impedimos mais de 4.000 tentativas de entrada ilegais nas nossas fronteiras", disse um porta-voz do governo grego, após uma reunião de urgência presidida pelo primeiro-ministro, Kyriakos Mitsotakis. O governo grego "está determinado a todo fazer para proteger as fronteiras", assegurou, acrescentando que a Grécia "reforçou os meios" nas fronteiras terrestres e marítimas com a Turquia.

O primeiro-ministro grego convocou hoje de manhã os ministros dos Negócios Estrangeiros, Nikos Dendias, da proteção dos cidadãos, Michalis Chrysochoidis, e da Defesa, Nikos Panagiotopoulos, bem como o chefe das Forças Armadas e os responsáveis da Guarda Costeira.

Segundo o porta-voz, foram feitas 66 detenções na fronteira terrestre da região de Evros, onde milhares de migrantes, encorajados pelo anúncio do governo turco, acorreram para tentar entrar na Grécia. "A chantagem de Erdogan [presidente da Turquia] não vai funcionar", disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Miltiadis Varvitsiotis. "Não toleraremos nenhuma entrada ilegal", disse, citado pela Skai TV.

Já o ministro da Defesa garantiu que as fronteiras gregas estão protegidas, mas admitiu ser mais difícil vigiar as fronteiras marítimas das ilhas gregas do mar Egeu. Segundo a Guarda Costeira grega, cerca de 180 migrantes chegaram às ilhas de Lesbos e Samos entre sexta-feira e sábado.

Neste sábado, o presidente Recep Tayyip Erdogan voltou a prometer cumprir sua ameaça de permitir que refugiados viajem livremente da Turquia para a Europa. Ele disse que a Turquia não pode mais lidar com o fluxo de pessoas que fogem da Síria devastada pela guerra civil.

"O que fizemos ontem? Abrimos as portas", disse Erdogan em Istambul em seus primeiros comentários desde que mais de três dezenas de soldados turcos foram mortos no norte da Síria. "Até esta manhã tinham cruzado uns 18 mil, mas hoje mesmo podem ser 25.000 ou 30.000", acrescentou Erdogan. "Não vamos fechar essas portas. Por quê? Porque a União Europeia deve cumprir suas promessas."

Erdogan tem ameaçado repetidamente "abrir as portas" para permitir aos refugiados e migrantes irem para a Europa se não lhe for assegurado mais apoio internacional.

Ele relacionou a mudança na política migratória ao apoio em armamento e material que, segundo ele, muitos países deram às milícias curdas na Síria ou ao próprio regime de Damasco, mas sem apoiar a Turquia.

"De agora em diante, não vamos mais fechar a fronteira. Isto vai continuar a acontecer. Porque a Europa tem de cumprir a sua palavra. Não estamos em condições de cuidar e alimentar tantos refugiados. Se são sinceros, devem participar disso; se não, deixaremos as fronteiras abertas", disse o presidente turco à UE.

Erdogan também afirmou que o exército turco bombardeou um depósito de armas químicas no noroeste da Síria nesta manhã, em meio à crescente tensão entre Ancara e Damasco na província de Idlib.

"Destruímos um depósito de armas químicas. Vamos mostrar ainda mais determinação nos próximos dias. Nunca quisemos chegar a este ponto, mas fomos forçados a fazê-lo", argumentou.
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